Iremos celebrar, no Brasil, transferido do dia 01 de novembro, no dia 03 de novembro, domingo, a Solenidade de Todos os Santos.
O Concílio Ecumênico Vaticano II lembra que: “A Igreja é indefectivelmente santa: Cristo amou-a como sua esposa e deu-se a si mesmo por ela a fim de santificá-la; por isso todos na Igreja são chamados à santidade” (cf. Lumen Gentium, n. 39). A Igreja prega o mistério pascal nos santos que sofreram com Cristo e com ele são glorificados; propõe aos fiéis seus exemplos, que atraem todos ao Pai por meio de Cristo, e implora por seus merecimentos os benefícios de Deus (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 104). Por isso, nesta grande Solenidade de hoje, de uma maneira única, celebra-se junto com os santos canonizados, todos os justos de toda raça e nação, cujos nomes estão inscritos no livro da vida (cf. Ap 20,12).
Os homens, todos os homens e mulheres, como criaturas humanas, tem um intenso desejo: ser eternos. A maior aspiração do homem é viver para sempre, alcançar a felicidade e a realização plena e eterna.
Na Primeira leitura (cf. Ap 7,2-4.9-14) como descrever a felicidade dos mártires e dos santos na sua condição celeste, invisível? Para isso, o profeta recorre a uma visão.
O Salmo responsorial (cf. Sl 23): O salmo de hoje proclama as condições de entrada no Templo de Deus. Ele anuncia também a bem-aventurança dos corações puros. Nós somos este povo imenso que marcha ao encontro do Deus santo.
Na Segunda leitura (cf. 1Jo 3,1-3) lembramos que desde o nosso batismo, somos chamados filhos de Deus e o nosso futuro tem a marcada da eternidade. São João, em sua primeira carta nós dá essa garantia: “somos filhos de Deus, participando da sua natureza e vida por Jesus Cristo (cf. 1Jo 3,1-3). Significa que existimos para vivermos eternamente a verdadeira vida e um dia vermos a Deus face a face, mas, para isso, é necessário vivermos de acordo com o plano de salvação que Deus nos deixou – as Bem-Aventuranças.
No Santo Evangelho (cf. Mt 5,1-12a) lembramos que futuro reserva Deus aos seus amigos, no seu Reino celeste? Ele próprio é fonte de alegria e de felicidade para eles. Ser bem-aventurado é ser santo. Assim, seremos verdadeiros santos. Mas, o que é ser santo? Logo imaginamos que seria tão bom sermos como os santos e santas de nossa devoção! A santidade não é mero produto de nosso esforço humano, nem resultado automático da graça, mas sim o efeito da ação de Deus unida à resposta de cada um de nós. Deus é quem nos santifica, pelo seu Espírito Santo. Uma pessoa santa é aquela que é amiga de Deus. Ele quer ser nosso amigo; aceitar ter uma amizade íntima com ele depende de nós. Somos livres para correspondermos ao amor gratuito de Deus. Ninguém se torna amigo de uma pessoa se não houver correspondência de gestos de amizade e de amor; igualmente com Deus. Ele nos oferece a sua amizade e ter a sua amizade e um amor profundo a ele depende somente de nossa resposta. Que a Mãe e Senhora de todos os santos e santas, a Virgem Maria, que sempre foi atenta e dócil a todas as graças, nos ensine a corresponder ao amor gratuito de Deus.
Vivamos o desejo de viver na santidade, de buscá-la como objetivo, um objetivo possível, sem considerá-la um objetivo distante. Abandonar-se à vontade de Deus significa que Deus te permite alcançar esses objetivos, que não são sobrenaturais, mas que estão ao alcance de todos a partir do momento em que uma pessoa se compromete e se deixa plasmar por Deus. Façamos isso e sejamos santos!
+ Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG