O diretório litúrgico orienta em “celebrar o dia”. A Igreja, quando fala em “pobres”, não pensa, tanto, em vagabundos, preguiçosos, vadios ou indigentes.
Pensa nos pobres, em espírito ou de coração (Mt 5, 3). Fala dos depauperados, empobrecidos e injustiçados. Pensa na justiça social que deve ser enfrentada para ser melhorada. Recordo que Jesus, mesmo sendo a segunda pessoa da Trindade, se fez pobre: paupérrimo.
Viveu pobre e morreu assim: injustiçado. Ele veio ao nosso encontro. Não viveu em palácios, nem foi muito ao encontro dos grandes e dos poderosos. Nem os repeliu. Veja-se para isso, a atitude que teve com Zaqueu (Lc 19, 1). Deixou, no entanto, claro que a riqueza pode tornar-se um grande obstáculo (Lc 6, 24; 16,19; 18,25).
Deus não cobra pela luz do sol, pela lua, nem pelo ar que respiramos, pela água que ingerimos, pela terra que cultivamos. É tudo gratuito. Nem a vida, a qual recebemos, através de nossos pais, com seus talentos, etc. Por isso, devemos refletir sobre o uso que fazemos das coisas, uma vez que não podemos danificar a natureza. Qual é a consciência que temos de tudo isso?
Não nos cabe, também, jogar ricos contra pobres, nem países subdesenvolvidos contra opulentos. Mas, porque muitos países lutaram tanto para chegar à independência? A história nos conta, e como! Esta é tão diferente, a ponto da narração dos vencidos ou dos vencedores tomarem caminhos distintos. E a escravidão? Faltou e falta justiça. Ou já a esquecemos?
+DOM CARMO JOÃO RHODEN, SCJ.
Bispo Emérito de Taubaté-SP