O último exemplo convida os discípulos, de forma clara, a amarem os inimigos. Este é um dos ensinamentos mais novos e revolucionários do Evangelho, sobretudo pela motivação que se dá para explicar o alcance e a raiz do amor cristão.
É um amor que não pode ficar reservado ao círculo dos mais próximos, àqueles do nosso grupo ou aos que nos amam, mas que deve atingir inclusive os inimigos. É um amor sem fronteiras e somente pode ser entendido como expressão do amor de Deus, que é para todos.
Os discípulos devem amar dessa forma porque é assim que Deus nos ama. Esse será o seu sinal característico. As palavras finais: “sede perfeitos assim como vosso Pai celeste é perfeito”, resumem de uma forma magnífica o ensinamento contido neste discurso de Jesus em antíteses: “tendes ouvido o que foi dito; eu, porém, vos digo”.
Este é a motivação mais radical da nova interpretação da Lei de Moisés proposta por Jesus como norma de vida para o cristão: os discípulos devem viver com o olhar voltado para Deus, pois foram chamados a manifestar em sua vida a perfeição de Deus, cuja expressão mais plena é o amor incondicional a todos.
A maior justiça proposta por Jesus exige de nós, cristãos, a superação do egocentrismo e do egoísmo de grupos e classes. Só é possível atingir tal objetivo se tivermos um relacionamento positivo com a pessoa do outro, por meio de atos concretos.
O perdão é uma estratégia que enaltece e faz feliz a pessoa perdoada, mas, principalmente, aquela que perdoou. Precisamos aprender a perdoar a quem nos ofende. Citamos isso no Pai Nosso, mas nem sempre nos preocupamos em colocá-lo em nossas atitudes. Também precisamos ter a humildade de pedir perdão quando somos nós que ofendemos alguém. Pode-se pensar que essas atitudes são difíceis de serem tomadas, mas, a partir do momento em que agimos segundo elas, o nosso coração se rejubila, fica leve e se aproxima cada vez mais do amor do Pai.