A todos os padres: Força e coragem em nome de Cristo para que todos sejamos um!
Tempo propício para a conversão e comunhão. “Visto que somos colaboradores de Deus, nós exortamos vocês para que não recebam a graça de Deus em vão. Pois Deus na Escritura diz: Eu escutei vocês no tempo favorável, e no dia da salvação vim em seu auxilio”. É agora o tempo favorável. E agora o dia da salvação (2Cor 6 1-12). Esse tempo é o hoje em que recordamos a Instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Nascemos hoje para um ministério que não é nosso e sim de Jesus Cristo. Chamados e escolhidos entre muitos, para que “in persona Christi”, nos dediquemos ao serviço, como Cristo, antes da participação da mesa comum, lavou os pés dos seus discípulos.
“Como Eu fiz façais vós também”. O sacerdócio de Cristo em primeiro lugar é ministério, serviço sem medida, sem preconceito, sem interesse, sem privilégios. Gratuidade, oblação pessoal, fruto da comunhão presbiteral, cultivada na fraternidade fruta da proximidade com Deus, com o bispo e com irmãos presbíteros. Um sacerdote escreveu no WhatsApp: ‘Quero ser um padre que busca constantemente a fraternidade presbiteral. O desafio é grande me dei conta de algumas chagas que ferem a comunhão entre nós presbíteros: Individualismo, guetos de amizades, rivalidade ou competição, carreirismo, inveja e ou ciúmes, fofoca, maledicência, bajulação, rótulos, bullyng e indiferença”.
Aqui não se trata de pessoas santas e perfeitas mas de pessoas que apesar das diferenças se amam, se querem bem. Dom Claudio, Cardeal Hummes – OFM – nos dizia: “Bispos digam aos padres: Eu te quero bem, digam ao bispo eu te quero bem”! Não podemos esquecer que estamos todos no mesmo barco, às vezes conduzindo ás vezes deixando-se conduzir. Nesta dimensão o Senhor nos diz: “Não vos chamo de servos, mas amigos”.(Jo 15,15).
O Papa Francisco falando aos padres do Colégio São Luiz dos Franceses (07.06) disse: ‘’Não somos super heróis. São José pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza» (Carta Apostólica Patris corde, 2). “Não se deve deixar de lado as fragilidades: são um lugar teológico. A minha fragilidade, a de cada um de nós, é um lugar teológico de encontro com o Senhor. Os sacerdotes “super-homens” acabam mal, todos. O sacerdote frágil, que conhece as suas fraquezas e fala sobre elas com o Senhor, este será bom”.
No ano sacerdotal o Papa Bento recordava as palavras de Cura d’Ars: “Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”. “Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. Nessa quinta feira santa, é a grande oportunidade de renovar os compromissos sacerdotais diante do bispo, refazendo aquele primeiro amor, que animava o ministério, e provocando alegria, satisfação, desejo de transformar o mundo. Que Maria Mãe dos sacerdotes, nos abrace com sua ternura maternal sempre, principalmente nas horas de nossas fragilidades”.
Quero saudar a todos os queridos irmãos sacerdotes e bispos! Diante de tantos sofrimentos e perseguições lembremos de que o sacrifício de Cristo na Cruz e a sua copiosa redenção redime todas as dificuldades. A mim sempre impactaram as palavras ternas do Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist., que espero iluminar o nosso Tríduo Pascal e o nosso serviço em favor do povo de Deus: “Força e coragem em nome de Cristo para que todos sejamos um!” Deus abençoe a cada padre e bispo neste Tríduo Pascal!
Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá – PR