Quem compartilha do poder econômico dominador fechado, não aceita a atuação dos Movimentos Populares, que conseguem reunir desempregados, trabalhadores precários e informais. Essa prática dominadora impede a integração dos excluídos e mudança na sociedade para a construção de destino comum para todos. Mudança para um desenvolvimento humano integral, realizada com os pobres.
O mundo econômico precisa repensar os critérios obsoletos de comando. A tendência é aumentar o individualismo, dificultar a integração entre as pessoas e colocar em prática a liberdade para que os poderosos tenham como escapar ilesos de suas falcatruas. Conforme a justiça tradicional, nenhum indivíduo ou grupo humano pode se considerar onipotente e pisar na dignidade dos outros.
Existe atualmente um péssimo exercício mundial do poder, que está distribuído entre os sistemas político, econômico, militar e tecnológico. Neles existem muitos direitos falsos e outros exercidos de forma deficiente. Destaca-se a perda de poder dos Estados nacionais em relação ao econômico-financeiro. Necessita-se de organismos mundiais com autoridade para assegurar o bem comum.
Na Carta Encíclica “Fratelli Tutti” o Papa Francisco discursa dizendo que não existe fraternidade universal sem considerar o respeito e a justiça na defesa dos direitos de soberania próprios de cada nação. Isso precisa ser fortemente garantido pela Organização das Nações Unidas, não deixando que a arquitetura econômico-financeira impeça a existência do conceito de família de nações.
Nos mecanismos para defender o cuidado que precisa haver em relação ao bem comum universal, é necessário estar presente também uma preocupação com a tutela dos Estados que são mais vulneráveis. Em muitos casos não é levado em conta o princípio de subsidiariedade, deixando à mercê os esforços e a criatividade que surgem de pequenos países e de organizações da sociedade civil.
Muitas pessoas não têm verdadeira noção sobre o sentido da palavra política, da arte de administrar bem. Ser apolítico e não se envolver com a caminhada da sociedade é ser contra o trabalho para construir o bem comum, que favorece a vida de todos. O poder econômico e ideológico se aproveita dessa realidade para defender seus interesses dentro de um clima de erros e de corrupção.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.