Uma belíssima oração que o santo escreveu quando estava na prisão e sabia que ia ser morto
Dai-me, Senhor, um pouco de sol,
algum trabalho e um pouco de alegria.
Dai-me o pão de cada dia, uma boa digestão e algo para digerir.
Dai-me uma maneira de ser, de forma que eu seja capaz de ignorar o aborrecimento, as lamentações e os suspiros.
Não permitais que eu me preocupe demasiadamente
com esta coisa embaraçosa que eu sou.
Dai-me, Senhor, a dose de humor suficiente para que eu encontre
a felicidade nesta vida
e para que eu seja útil aos outros.
Que sempre haja uma canção em meus lábios, uma poesia ou uma história para me distrair.
Ensinai-me a entender os sofrimentos
e a não vê-los como maldição.
Dai-me a graça de encontrar o bom sentido,
pois tenho muita necessidade dele.
Senhor, dai-me a graça,
neste momento de medo e angústia,
de lembrar-me do grande medo
e da assombrosa angústia que Vós experimentastes no Monte das Oliveiras.
Fazei que, no esforço de meditar sobre vossa agonia,
eu receba o consolo espiritual necessário
para proveito de minha alma.
Concedei-me, Senhor, um espírito sossegado, gentil, caridoso, benévolo, doce e compassivo.
Que, em todas as minhas ações, palavras e pensamentos, eu experimente
o gosto de vosso Espírito santo e bendito.
Dai-me, Senhor, uma fé plena, uma esperança firme e uma caridade ardente.
Que eu não ame ninguém contra a vossa vontade,
mas sim todas as coisas, em função de vosso querer.
Cercai-me de vosso amor e de vossa graça.
“Tende, pois, bom ânimo, filha minha, e não vos preocupeis comigo,
seja o que quer que aconteça comigo neste mundo.
Nada pode acontecer-me sem que Deus queira.
E tudo o que ele quer, por pior que nos pareça,
é, na realidade, o melhor”.
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“Embora eu esteja convencido, minha querida Margarita,
de que a maldade que passei nessa vida é tão merecida a ponto de Deus me privar de tudo,
nem por um momento deixarei de confiar na sua imensa bondade.
Até agora, sua graça santíssima me deu forças para postergar tudo:
as riquezas, as ganâncias e a própria vida,
antes de prestar juramento contra minha consciência”.
São Tomás Moro.
Carta escrita na prisão para sua filha Margarita.