O Tríduo Pascal

O Tríduo Pascal

Celebrar o Tríduo é um convite a acolher o sofrimento que redime e salva.

O Tríduo Pascal é um sinal celebrativo, onde a Igreja reunida vivencia com fé a entrega do Cristo na última ceia, sua paixão e cruz, sua ressurreição que rompe as trevas do pecado com o amor misericordioso de Deus. Sua realização se dá respectivamente na quinta-feira, sexta-feira e sábado santos. Realizado como memorial, este período marca o ápice da fé católica e é para os fiéis um convite para bem vivenciá-lo. Com as celebrações, é possível ver que o Cristo redimiu o gênero humano e deu perfeita glória a Deus, principalmente, através de seu mistério pascal: morrendo destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida.

O mistério pascal traz um ensinamento importante, diz-nos que a dor se transforma em alegria (Sl 126,5; Jo 16,20). Para aquele que segue o caminho da cruz, e que acredita que abraçá-la não é uma perda, ganha a bem-aventurança do amor, sofre na carne as angústias, mas recebe o céu como prêmio. Pois aquele que entrega a sua vida por amor frutifica, assim como nos ensina o Cristo com suas palavras e o seu próprio exemplo (Jo 12,24).

O sofrimento não é bom em si mesmo, a maneira como o cristão se posiciona diante dele é que deve ser positiva. Pois é na cruz que o Cristo ensina o que muitas vezes esquecemos com o nosso hedonismo: o sofrimento tem o seu valor redentor. O crucifixo, as cruzes que carregamos no peito, não devem ser reduzidas a uma lembrança da dolorosa experiência que Jesus sofreu, eles nos ensinam que são objetos nos quais nós podemos nos gloriar, como afirma o Apóstolo Paulo (Gl 6,14); pois é por esta experiência que nos chega a glória da ressureição, onde Jesus rompe com o inferno das trevas para nos introduzir à vida.

A celebração do Sábado Santo nos quer ensinar isso: após o sofrimento intenso, Jesus ressuscita! Na Vigília Pascal, faz-se sempre uma analogia com a Páscoa judaica; onde o povo hebreu é tirado da escravidão do faraó e vai para a Terra Prometida; Jesus, por sua vez, tira-nos da morte eterna, levando-nos da escuridão à luz, do jejum à festa. Toda a liturgia quer mostrar que o pecado que entra no mundo por meio de Adão, sai dele por meio de um Novo Adão, que torna nova todas as coisas. Se com o primeiro fomos expulsos do Paraíso por causa do pecado, com o segundo somos novamente reintroduzidos para a vivência das delícias eternas. O caminho da cruz é também a via da ressurreição; é esquecimento de si mesmo para perder-se no Cristo. O mistério pascal que celebramos nos dias do Tríduo é a pauta, o programa que deve reger as nossas vidas.