O que significa “Amém” e por que o dizemos?

O que significa o amém
Material para catequese
Material para catequese

Queridos amigos, uma das palavras que mais repetimos na oração, desde que aprendemos a rezar, é “amém”. Palavra curta, mas com um significado muito profundo.

Pensamos que pode ser bom que todos se lembrem desse significado, para que cada vez que digamos “amém”, pronunciemos essa palavra com plena consciência de tudo o que estamos dizendo ao Senhor de maneira concentrada.

Nosso querido Papa Emérito Bento XVI nos explica:

“A oração cristã é um verdadeiro encontro pessoal com Deus Pai, em Cristo, por meio do Espírito Santo. Neste encontro, entram em diálogo o fiel “sim” de Deus e o confiante “amém” dos crentes.

Na oração diária e constante, podemos sentir concretamente a consolação que vem de Deus. E isto fortalece a nossa fé, porque nos faz experimentar de modo concreto o “sim” de Deus ao homem, a nós, a mim, em Cristo; faz-nos sentir a fidelidade do seu amor, que vai até ao dom do seu Filho na cruz.

São Paulo afirma: «O Filho de Deus, Jesus Cristo… não foi “sim” e “não”, mas n’Ele só houve “sim”. Porque todas as promessas de Deus alcançaram o seu “sim” n’Ele. Assim, por meio dele dizemos o nosso “amém” a Deus, para a sua glória por meio de nós» (2 Cor 1, 19-20).

O “sim” de Deus é um “sim” simples e certo. E a este “sim” correspondemos com o nosso “sim”, com o nosso “amém”, e assim temos a certeza do “sim” de Deus. Toda a história da salvação é uma revelação progressiva desta fidelidade de Deus, apesar das nossas infidelidades e das nossas negações, com a certeza de que «os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis».

Queridos irmãos e irmãs, o modo de agir de Deus – muito diferente do nosso – dá-nos conforto, força e esperança porque Deus não retira o seu “sim”. Deus nunca se cansa de nós, nunca se cansa de ser paciente connosco, e com a sua imensa misericórdia sempre nos precede, sai primeiro ao nosso encontro; seu “sim” é totalmente confiável. Na cruz ele nos revela a medida do seu amor, que não calcula e não tem medida.

No “sim” fiel de Deus está enxertado o “amém” da Igreja que ressoa em todas as ações da liturgia: o “amém” é a resposta de fé com a qual sempre conclui a nossa oração pessoal e comunitária, e que expressa o nosso ” sim” à iniciativa de Deus.

Freqüentemente, respondemos rotineiramente com nosso “amém” em oração, sem olhar para o seu significado mais profundo. Este termo deriva de ‘aman’ que em hebraico e aramaico significa “tornar estável”, “consolidar” e, conseqüentemente, “ter certeza”, “dizer a verdade”.

Se olharmos para a Sagrada Escritura, veremos que este “amém” é dito no final dos salmos de bênção e louvor, como o Salmo 41: “Por outro lado, preservas a minha saúde, conservas-me sempre na tua presença . Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, para todo o sempre. Amém, amém» (vv. 13-14).

Ou exprime a adesão a Deus, no momento em que o povo de Israel regressa cheio de alegria do exílio na Babilónia e diz o seu “sim”, o seu “amém” a Deus e à sua Lei. No Livro de Neemias é narrado que, depois desse retorno, “Esdras abriu o livro (da Lei) na presença de todo o povo, para que toda a multidão o pudesse ver; quando ele a abriu, toda a cidade se levantou. Esdras louvou o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu com as mãos levantadas: “Amém, amém”» (Ne 8, 5-6).

Portanto, desde o início o “amém” da liturgia judaica tornou-se o “amém” das primeiras comunidades cristãs. E o livro da liturgia cristã por excelência, o Apocalipse de São João, começa com o “amém” da Igreja: “Aquele que nos ama e com o seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino e sacerdotes para Deus, seu Pai. A ele glória e poder para todo o sempre. Amém» (Ap 1, 5b-6). E o mesmo livro conclui com a invocação “Amém, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22, 20).

Queridos amigos, a oração é o encontro com uma Pessoa viva que podemos ouvir e com quem podemos dialogar; é o encontro com Deus, que renova a sua fidelidade inabalável, o seu “sim”, a cada um de nós, para nos dar a sua consolação no meio das tempestades da vida e nos fazer viver, unidos a Ele, uma existência plena de alegria e felicidade, bem, que chegará à sua plenitude na vida eterna.

Na nossa oração somos chamados a dizer “sim” a Deus, a responder com este “amém” de adesão, de fidelidade a Ele ao longo da nossa vida. Nunca podemos conquistar essa fidelidade com nossas forças; Não é apenas o resultado do nosso esforço diário; vem de Deus e se fundamenta no “sim” de Cristo, que afirma: o meu alimento é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4, 34).

Devemos entrar neste “sim”, entrar neste “sim” de Cristo, em adesão à vontade de Deus, para vir afirmar com São Paulo que já não vivemos, mas é o próprio Cristo que vive em nós. Assim, o “amém” da nossa oração pessoal e comunitária envolverá e transformará toda a nossa vida, uma vida de consolação de Deus, uma vida imersa no Amor eterno e inquebrantável.”

Bento XVI