No centro da reflexão que a liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum nos coloca, estão dois temas à volta dos quais se constrói e se estrutura toda a existência cristã: Nosso Senhor Jesus Cristo e a Igreja. O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e o acolherem como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.
Na primeira leitura(cf. Is 22,19-23) o profeta Isaías relata que Sobma é destituído do seu poder por corrupção, já que Eliacim foi investido do ofício da administração da casa real de Jerusalém em sua substituição. Eliacim será um servo da casa de Davi e ele fará a ponte de conduzir toda autoridade à presença do Rei e de todas as pessoas que pediam uma audiência. Em outras palavras Eliacim foi investido como um mediador entre o rei e o povo. A primeira leitura mostra como se deve concretizar o poder “das chaves”. Aquele que detém “as chaves” não pode usar a sua autoridade para concretizar interesses pessoais e para impedir aos seus irmãos o acesso aos bens eternos; mas deve exercer o seu serviço como um pai que procura o bem dos seus filhos, com solicitude, com amor e com justiça.
Cantamos, no Salmo Responsorial, Salmo 137(138) que a bondade do Senhor é para sempre, por isso contemplamos a obra começada Nele, para que possamos enfrentar as adversidades da vida.
São Paulo, em sua carta aos Romanos(cf. Rm 11,33-36) nos fala da obra extraordinária de Deus, da impenetrabilidade da sabedoria divina, bem como o amor pelo qual Deus colocou na existência todos os seres e os sustenta. Esta leitura é um convite a contemplar a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus que, de forma misteriosa e às vezes desconcertante, realiza os seus projetos de salvação do homem. Ao homem resta entregar-se confiadamente nas mãos de Deus e deixar que o seu espanto, reconhecimento e adoração se transformem num hino de amor e de louvor ao Deus salvador e libertador.
Jesus continua perguntando a cada um de nós, não mais nas proximidades das nascentes do Jordão, na fronteira norte de Israel; mais aonde nós vivemos o dia a dia de nossa, quem é ele? Quem é Jesus para nós? A rocha indestrutível sobre a qual a Igreja Católica está construída é a fé de Pedro. É a fé de São Pedro que sustenta a comunidade dos discípulos no seguimento de Jesus Cristo, o Senhor. Mas a profissão de fé de Simão Pedro não é fruto do esforço da razão. Ela é dom da revelação gratuita de Deus, prometida aos “pequeninos” (Mt 11,25). A primazia de Simão Pedro em relação aos demais discípulos vem do fato de ele professar com exatidão a fé cristã. O silêncio imposto por Jesus aos discípulos diz respeito à sua identidade como Messias. Esse silêncio tem um duplo significado: Jesus não pretende ser confundido com nenhuma das correntes messiânicas de sua época e, ao mesmo tempo, o silêncio oferece ao leitor do evangelho a oportunidade de ele mesmo responder a pergunta cristológica fundamental: Quem é Jesus? Não há dúvida, que diante da pergunta de Jesus aos discípulos, a resposta do príncipe dos Apóstolos, São Pedro, deve ser a resposta de cada um dos batizados: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo!”(cf. Mt 14, 16). Por isso a liturgia deste domingo nos questiona quem é Jesus para nós? Evidentemente que para quem acolhe a Palavra de Deus e a coloca em prática é capaz de repetir como São Pedro: que Jesus é o Salvador e o Filho do Deus vivo.
Buscar corresponder ao projeto de Deus requer crescer na confiança e na fidelidade as promessas divinas. Quando nos desviamos do caminho da aliança com o Senhor nosso Deus, perdemos a autoridade e o direito de servi-lo – foi exatamente o que aconteceu com Sobna, o administrador do palácio. O próprio Senhor da messe se incumbirá de escolher outro servo fiel, firme como uma estaca em lugar seguro.
Por isso a liturgia deste domingo nos fala de Cristo e da Igreja. Para seguir a Cristo e caminhar com a missão da Igreja no mundo devemos ser servidores, homens e mulheres que se comprometam com o seu projeto, assumir a responsabilidade de ser testemunha no mundo do Evangelho, participando da comunidade de fé (a Igreja) em espírito de unidade e de comunhão com os seus representantes (Pedro), é também viver em espirito de colegialidade e reconciliação contínua consigo, com Deus e com os irmãos, permanecendo ligado com o céu, extremamente comprometidos com as coisas terrenas! Sejamos servidores e não falsos senhores ou patrões! Deus nos ajude a servir com alegria!