Iniciamos neste final de semana 27/28 de novembro, primeiro domingo do advento, esse tempo especial e um novo ano litúrgico. Um tempo em que somos convidados a nos preparar para celebrar o Natal do Senhor. Um tempo de vigilância e oração e de preparar o coração para receber Jesus que veio e que celebraremos no Natal, mas que virá no final dos tempos (dois aspectos deste tempo). Uma boa preparação para o Natal se dá através da oração, além de preparar a nossa casa com enfeites, árvore de Natal, coroa do advento, é claro, o mais importante e fundamental que é o santo presépio. Nesse clima de vigilância e intensa oração, além da completa confissão auricular, devemos fazer uma boa preparação para o Natal realizando a Novena de Natal. Nós temos liturgicamente a preparação próxima para o Natal a partir do dia 17 ao dia 24 de dezembro com litúrgica própria e, em especial, o que caracteriza popularmente este tempo – as famosas antífonas do Magnificat em “Ó”. Uma tradição nossa nos ajuda a preparar o Natal: é a novena de Natal. A nossa Arquidiocese tem um texto próprio que nos insere neste tempo pastoral e litúrgico.
A Novena de Natal pode ser realizada durante todo o tempo do Advento, a partir do dia 28, ou no período entre 15 e 23 de dezembro, que são os nove dias que antecedem a celebração do Natal ou em dias anteriores de acordo com a sua disponibilidade. Tanto pode ser de modo presencial como como à distância. Você é convidado a realizar a novena com a sua família, ou reunir grupos de amigos ou vizinhos para rezarem juntos. Normalmente, as paróquias fazem a abertura da Novena de Natal nas Igrejas. Todos são convidados a participar e ali formar os grupos e iniciar a novena.
As paróquias também realizam o encerramento da Novena de Natal, para que todos os grupos que rezaram em casa possam se reunir e juntos, como comunidade, fazerem o encerramento da novena de Natal e logo após, celebrarem o Natal. Normalmente, no encerramento da novena, as pessoas são convidadas a oferecerem um gesto concreto, ou seja, ajudar aqueles que mais precisam. Seja doando alimentos, roupas, brinquedos, produtos de limpeza etc.
Para nos prepararmos bem para o Natal, podemos realizar a novena, pois por meio da novena entendemos o real sentido do Natal. O Natal não é a visão financeira do mercado sobre a figura do papai Noel, presentes e festas, é muito mais do que isso. O Natal é tempo de nos prepararmos e prepararmos a nossa família para o verdadeiro sentido do Natal, que é Jesus Cristo. Um Deus nos foi dado, o Senhor Jesus que vem em socorro da humanidade! É a Jesus, o verbo encarnado que celebramos nesse tempo!
O Natal é sobretudo comunhão, ou seja, comunhão nossa com Deus, com o mistério da encarnação que celebraremos. O tema da Novena em nossa Arquidiocese esse ano é bem propício: “Um Deus que se faz comunhão”. O novo ano litúrgico que iniciamos é o ano da “comunhão” segundo o nosso plano de pastoral. Deus faz comunhão com todos nós ao enviar o seu Filho como presente. Somos chamados a nos reunirmos nessa comunhão de amor que Deus faz conosco. Ele assume a nossa condição humana e nos indica o caminho do amor. O Natal é essa comunhão de amor em que as famílias devem se reunir em torno do menino Jesus que irá nascer.
A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro vivencia o ano da comunhão. Este ano da comunhão está em total sintonia com o Sínodo 2021-2023, que foi convocado pelo Papa Francisco e iniciado no mês de outubro desse ano: participação, comunhão e missão. A palavra Sínodo significa, sobretudo, comunhão e caminhar juntos, ou seja, a comunhão de todo o povo de Deus com a Igreja. Rezar a Novena de Natal e celebrar o Natal significam estar em plena comunhão com Deus e com os irmãos.
Nesse tempo de pandemia da Covid-19, se faz mais do que necessário viver a comunhão e olhar para os irmãos, especialmente, para os que mais sofrem. Temos que ter um olhar de comunhão para aqueles que mais sofrem. Por isso, o gesto concreto da Novena de Natal em nossa Arquidiocese esse ano é a doação de um quilo de alimento não perecível, para compor a cesta de Natal de muitas famílias carentes e que elas possam celebrar o Natal dignamente. Durante a pandemia da Covid-19, muitas famílias perderam seus empregos e tiveram suas rendas diminuídas, por isso, entendemos que o Natal deve ser solidário e devemos estar em comunhão com todos, sobretudo, aos que mais que sofrem.
Na missa de encerramento da Novena de Natal, você é convidado a levar o alimento até a sua paróquia e o pároco cuidará de levar esse alimento aos que mais necessitam. Dessa forma, seremos expressão viva do amor e da comunhão de Deus com os mais necessitados. Somente assim o Natal terá sentido, quando eu estender a mão ao mais necessitado. O Natal nos remete à comunhão e à solidariedade com aqueles que mais sofrem.
Não podemos celebrar o Natal sem olhar as necessidades daqueles que estão a nossa volta. Jesus nasceu pobre e humilde e foi colocado numa manjedoura e durante a sua vida nos ensinou a desapegar-nos dos bens materiais e a optarmos por um bem maior que é Deus. De Belém (casa do pão), o Filho de Deus repousando numa manjedoura (local onde o gado se alimenta) nos fala justamente que Ele é o Pão da Vida e somos chamados a partilhar o pão uns com os outros. Aprendamos, pois, de Jesus e encontremos Deus naqueles que mais sofrem, estendo as nossas mãos para ajudá-los, sobretudo, agora no tempo de Natal.
A Novena de Natal, ainda, é uma oportunidade de fazermos uma catequese, seja na nossa casa ou casa de nossos parentes e amigos, é uma oportunidade de reunir aqueles que estão longe dos caminhos de Deus e uma oportunidade de chamá-los de volta ao seio da Igreja novamente.
Durante os nove dias da Novena de Natal, somos convidados a seguir os passos de Maria e José até o nascimento de Jesus. Podemos acompanhar o quanto eles tiveram que caminhar e os problemas que tiveram que enfrentar para que Maria pudesse dar à luz a Jesus. E ainda teve que dar à luz numa estrebaria, pois não havia lugar na hospedaria. Caminhemos junto com eles e aprendamos o que significa a obediência a Deus.
Aproveitemos esse momento para montarmos em casa nosso presépio e ao contemplar a Sagrada Família, peçamos que nossa família seja sempre um espelho do que foi a Sagrada Família de Nazaré. Que Deus nos abençoe e nos conceda muitas bençãos do céu, durante a Novena que iremos realizar. E que o menino Deus nasça em cada lar nos trazendo a esperança de dias melhores. Amém.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ