O próximo dia 16 de julho é domingo, que em geral prevalece na celebração litúrgica. Porém nas paróquias e nas ordens e congregações carmelitas tem-se a possibilidade de fazer memória da Senhora do Carmo. Recordamos que no próximo dia 16 de julho, temos a possibilidade da memória litúrgica de Nossa Senhora do Carmo, é a mesma mãe de Jesus, como tantos outros títulos dedicados à Maria. Nossa Senhora do Carmo é bastante conhecida devido ao escapulário que muitos fiéis usam. Normalmente, o escapulário contém a imagem de Nossa Senhora do Carmo e do Sagrado Coração de Jesus. Por meio do uso do escapulário, os fiéis pedem paz e proteção à Nossa Senhora.
O sacerdote abençoa o escapulário e impõe nos fiéis. Aqueles que queiram adquirir o escapulário ao longo do ano, devem ir a uma Igreja e pedir para o sacerdote abençoar e impor o escapulário. Onde está a Mãe, o Filho está, por isso, tragamos sempre conosco a proteção da Mãe e do Filho. Nesse ano, o dia de Nossa Senhora do Carmo cai em um domingo, portanto, a celebração terá de ser do 15º Domingo do Tempo Comum, mas nada impede que ao final da celebração, o sacerdote mencione o dia de Nossa Senhora do Carmo.
Nossa Senhora do Carmo é a padroeira da ordem do Carmo, que tem a congregação feminina e a masculina. São monges e monjas que optam por uma vida de clausura, ou seja, se retiram do “mundo externo” e intercedem pelo mundo por meio da oração. Os fiéis podem visitar os mosteiros e as monjas e os monges rezam pelos fiéis, como padrinhos e madrinhas de oração. Alguns monges que são ordenados presbíteros e outros não, mas todos fazem os votos perpétuos.
Os primeiros carmelitas, no fim do século XII depois de Cristo, decidiram formar uma comunidade no Monte Carmelo. O local é conhecido por sua beleza e o nome Carmelo significa “jardim”. Os primeiros monges eram cavaleiros cruzados, homens cansados da violência, da injustiça e da briga para conquistar a Terra Santa, que resolveram se refugiar e buscar uma vida de acordo com o Evangelho.
Os primeiros monges foram atraídos ao Monte Carmelo por fama e tradição do profeta Elias, que naquele monte subia para falar com Deus. Como podemos observar na Bíblia, o monte é o local do encontro com Deus, desde Abraão, Moisés, Elias e tantos outros profetas. No novo Testamento, Jesus também vai ao monte para falar com Deus e muitas vezes as pessoas subiam ao monte para ouvir a pregação de Jesus, como por exemplo, o “Sermão da Montanha” em Mateus, capítulo cinco.
Os monges fundaram ali uma capela e, em torno dela, construíram seus quartos ou “celas”, por volta do ano de 1155. Começava a formar-se dessa forma o “mosteiro carmelita”, até chegar ao que temos hoje. Os monges se dedicaram a uma vida de penitência e reparação por conta dos abusos dos cruzados. Exercitavam-se por meio da prática da oração e serviços manuais, que é o que as monjas e monges de hoje buscam viver. Os monges escolheram Elias como Pai espiritual e exemplo de vida monástica de oração e testemunho profético, em meio a um mundo dominado pelas injustiças.
Os monges dedicaram a capelinha à Virgem Maria e sob a sua proteção, imitavam as virtudes de Nossa Senhora, sobretudo, se conformando em fazer a vontade de Deus e a cada dia renovando o “sim” ao projeto de Deus para a vida deles. Chamaram Maria de “Senhora do lugar”, renderam a Ela todo o serviço que faziam e a dedicação e doação dos primeiros carmelitas. Muitos peregrinos e cruzados começaram a visita-los, costume que segue até hoje, e começaram a chamá-los de “Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo”.
Por volta do ano de 1209, os irmãos decidiram formalizar a sua vida pedindo uma regra de vida ao bispo Alberto, na época patriarca de Jerusalém. O bispo escreveu uma regra muito simples, com o passar do tempo, quando a congregação já estava na Europa, viajaram a Roma, com o intuito de apresentar ao Papa o pedido de aprovação da nova ordem.
No ano de 1226, o Papa Honório III concedeu aprovação à ordem. A partir da aprovação, os irmãos viveram com o ideal de se unirem continuamente ao Senhor, a todo o momento, e exemplo do profeta Elias, Pai espiritual da congregação e de sua mãe e protetora, a Virgem Maria, Mãe de Deus e do Carmelo. A congregação continua a viver esse ideal até os dias de hoje, por isso, vivem enclausurados no mosteiro, pois se dedicam continuamente ao Senhor, rezando pela humanidade inteira.
No ano de 1235, aconteceu uma perseguição dos mouros contra os cristãos e o grupo dos carmelitas acabou dividido em dois grupos: um permaneceu no Monte Carmelo, os monges foram massacrados e o mosteiro foi incendiado, o segundo grupo refugiou-se na Sicília, Itália, e finalmente, na Inglaterra, no ano de 1238.
Na Inglaterra, começou um novo tempo para a congregação, passaram por algumas provas, como por exemplo, alguns rejeitavam a ordem. O superior geral São Simão Stock, imitou os primeiros membros da congregação e se colocou em oração. Diz a tradição que ano de 1251, no dia 16 de julho, São Simão dirigiu um forte clamor a Virgem Maria e essa lhe entregou um escapulário. Ao entregar-lhe o escapulário, a Virgem diz a São Simão: “Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e de amor eterno”.
Depois disso, São Simão chamou todos os frades e explicou o que havia acontecido, e acrescentaram o escapulário ao hábito. Depois, criou-se escapulários “menores” para distribuir aos fiéis e logo a devoção espalhou-se entre o povo, e os fiéis usavam em sinal de amor à Virgem Maria e símbolo de vida cristã em Deus.
Como podemos observar, a origem do escapulário e da devoção à Nossa Senhora do Carmo vem de muitos anos. Celebremos cheios de fé e confiança o dia de Nossa Senhora do Carmo, do mesmo modo que os carmelitas e São Simão Stock confiaram na proteção da Virgem Maria. Se você ainda não tem escapulário, peça para alguém lhe dar e, no dia da Missa de Nossa Senhora do Carmo, peça para o sacerdote abençoar e impor.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ