No mundo “tudo” muda, porque isso faz parte da dinâmica da criação. Até os Reis Magos voltaram por outro caminho. Quem conhece Jesus Cristo transforma seu modo de viver e faz outro trajeto de vida, deixando para traz aquilo que não condiz com a prática de vida de hoje. Cada tempo, no transcurso da história, tem suas características e exige uma ação de adaptação das pessoas.
Quem experimenta a presença de Deus na vida quer ser diferente e agir de forma mais radical e coerente com Ele, consegue sair do comodismo, da indiferença e da mediocridade. Só assim que a pessoa dá passos concretos e vai adiante para superar os entraves que dificultam a prática de uma vida sadia e feliz. A ausência de Deus causa desânimo e fragilidade no exercício das boas ações.
Em muitos momentos da Sagrada Escritura, as pessoas que assumiam compromissos com os princípios e as exigências da Palavra de Deus, mudavam de nome para dizer que agora eram novos indivíduos. É o caso de Abrão que se transforma em Abraão (Gn 17,5); de Saulo que passou a se chamar Paulo (At 13,9). E assim muitos outros fatos, que demonstram novas posturas de vida.
Devemos aqui entender a palavra “transformação”, ou mutabilidade, como sendo o exercício de novas atitudes, mas também superando as fraquezas praticadas no passado. Não significa esconder o passado marcado por práticas escusas. A vida nova deve ser fruto de uma liberdade conquistada com o exercício da justiça, acertando o passado e projetando vida de honestidade.
No auge das mudanças não é possível aceitar o império do individualismo. Os dons, ministérios, serviços e carismas, citados por Paulo ao falar para a comunidade de Corinto (I Cor 12,4-11), são virtudes naturais na prática da vida comunitária, usados para o crescimento da comunidade cristã. Essas virtudes, quando colocadas em exercício, conseguem causar mudanças profundas locais.
Na espiritualidade própria de mudança do cristão estão o seguimento e a fidelidade à vida de Jesus Cristo. Não existe mudança sem discipulado, sem a exigência de comportamento autêntico e de referência comunitária. Não chegamos à plenitude de realização sem o encontro com o outro e com Deus. Portanto, é um processo de mutabilidade, de passagem para uma vida de esperança.
Dom Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de Uberaba.