Celebramos, no dia 29 de agosto, a memória litúrgica do martírio de São João Batista. Ele é o precursor, aquele que preparou o caminho para a chegada do Messias. João batizava com água, era um batismo de conversão, com a finalidade de que as pessoas se arrependessem de seus pecados e aceitassem o Reino de Deus. João preparava as pessoas para que depois fossem batizadas com a água e o Espírito Santo.
João Batista, desde antes de nascer, foi escolhido por Deus. Seus pais já de idade avançada e sua mãe considerada estéril foram agraciados com a paternidade. Após o anjo Gabriel ter anunciado a Maria que ela seria a Mãe de Jesus, ele anuncia a Zacarias que ele e Isabel seriam pais de João Batista.
Após o anúncio do anjo Gabriel, Nossa Senhora vai apressadamente para a casa de Zacarias e cumprimenta Isabel. Nossa Senhora transmite a Isabel o Espírito Santo e ela e o menino que estava em seu ventre (João Batista) ficam cheios do Espírito Santo. A exemplo de Nossa Senhora, transmitamos aos outros a alegria de servir ao Senhor e a graça do Espírito Santo. Com isso, constatamos que João foi escolhido por Deus desde o ventre materno, foi fiel ao chamado que Deus lhe fez e se tornou um grande profeta.
João Batista, a exemplo dos demais profetas, anunciava a verdade contida na Palavra de Deus e denunciava as injustiças. Procurava alertar as pessoas para que vivessem de maneira plena o Reino de Deus e que arrependendo-se de seus pecados amassem mais a Deus e ao próximo. Inclusive, a causa da morte de João Batista foi justamente por ele denunciar as injustiças e as atitudes das pessoas que desagradavam a Deus.
João Batista é único santo em que celebramos o seu nascimento e o seu martírio, devido a sua grande importância na história da salvação. Os demais profetas e santos celebramos somente o dia da morte. No dia 24 de junho (seis meses antes do Natal), celebramos a natividade de São João Batista e, em 29 de agosto, o seu martírio.
Acompanhamos melhor São João Batista ao longo do tempo do advento e natal e aprendemos com ele a como ser profetas nos dias de hoje. A exemplo de São João Batista, não podemos ter medo de dizer a verdade e denunciar aquilo está errado. Temos que edificar o Reino de Deus aqui na terra, para contemplá-lo de maneira definitiva no céu. Podemos conduzir muitas pessoas ao batismo e a conhecer a Deus, a exemplo do que São João fez.
Todos os batizados são por excelência discípulos e missionários do Senhor e convidados a edificar aqui na terra o Reino de Deus. Os discípulos e missionários do Senhor também podem conduzir outras pessoas ao batismo e ajudar essas pessoas no processo de conversão. Meus irmãos e irmãs, sejamos nos dias de hoje a exemplo de São João Batista missionários do Senhor e anunciemos: “Convertei–vos e crede no Evangelho”.
A causa da morte de São João Batista foi uma traição. Herodíades era a atual esposa de Herodes Antipas, ex-esposa do seu irmão de criação. João foi preso por denunciar esse casamento ilegal, por achar que não era certo Herodes ficar com a esposa de seu irmão. Como já dissemos, João Batista denunciava as injustiças e anunciava a verdade.
Durante a festa de aniversário de Herodes, a filha de Herodíades, Salomé, dançou em homenagem ao rei, que era fascinado por ela: se ela dançasse, ele lhe permitiria pedir o que quisesse, até mesmo a metade do seu reino. Depois de consultar a mãe, ela pediu num prato a cabeça de João Batista. Herodes não queria aceitar, pois apesar de não concordar, ficava embaraçado com as palavras de João Batista, mas não pôde recusar, porque lhe havia prometido na frente de todos os convidados.
Algum tempo depois do pedido de Salomé, o empregado trazia a cabeça do profeta em um prato, entregando-a para Salomé e para sua mãe que queria vê-lo morto. João Batista morreu mártir. Ele era um homem justo e santo, condenado à morte por sua liberdade de expressão e fidelidade ao seu chamado. Ele abre o caminho para tantos outros mártires que virão depois e tantos que morreram injustamente, do mesmo modo que ele.
Celebremos a festa litúrgica do martírio de São João Batista e aprendamos com ele a anunciarmos a verdade e denunciar as injustiças.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ