A Encíclica Laudato Si’ escrita pelo Papa Francisco em junho de 2015 foca no cuidado com a casa comum, ou seja, a casa comum seria o universo no qual vivemos. O cuidado que devemos ter com o nosso planeta, com o ambiente que vivemos. Eu não posso poluir a cidade em que vivo, jogando papel no chão, poluindo o ar com o automóvel soltando muita fumaça entre outras ações, porque não sou somente eu que vivo ali, mas outras pessoas também. A terra é uma casa comum, de todos e devemos cuidar dela, antes que seja tarde.
Deus criou o mundo e nos colocou aqui para que cuidássemos dele e não poluíssemos jogando sujeira no rio, desmatando as florestas entre outras coisas. Precisamos cuidar desse jardim que é a “terra” plantando árvores, cuidando da água e, sobretudo, enchendo a nossa terra com mais “amor” uns com os outros. Devemos combater o consumismo desacerbado para evitar o aquecimento global e as alterações climáticas. Essa Encíclica, a segunda do Pontífice veio numa hora boa, para alertar os caminhos que a humanidade vem traçando.
Francisco deixou claro que espera que a Encíclica influencie a política energética e econômica, e que estimule um movimento global por mudanças, para deter a “deterioração global do ambiente”. O Papa dirigiu-se “a cada pessoa que habita neste planeta”, apelando às pessoas comuns para que pressionem os políticos nesse sentido. Devemos é claro fazer a nossa parte, mas incentivar os políticos a criarem meios para combater o aquecimento global.
A Encíclica tem 184 páginas e ao longo delas o Papa condena a incessante exploração e destruição do ambiente, responsabilizando a procura do lucro a qualquer preço, usando tecnologias para poluir o meio ambiente e a falta de visão de política. A encíclica aborda vários aspectos e a forma como podemos combater a poluição e cuidar da nossa casa comum. O Papa ainda se preocupa com a vida humana desde a sua concepção e a defende de todas as formas, sendo contrário logicamente ao aborto.
Uma questão que a Encíclica nos deixa para pensarmos é: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?” Qual os valores sociais que vamos deixar para eles. O documento faz uma exortação favorável a uma conversão ecológica, que permita assumir o cuidado da “casa comum”.
A Encíclica é dividida em seis capítulos e nos traz em cada um deles a situação atual em que se encontra o nosso Planeta, a criação dele por Deus e é claro os meios que devemos usar para combater a poluição em nosso planeta, e como devemos cuidar da casa comum. O Papa diz que a ecologia e a espiritualidade caminham juntas, e que se devemos cuidar da nossa casa comum protegendo a nossa vida e a vida de nossos semelhantes, devemos pedir a proteção de Deus para que caminhe conosco e que ilumine os nossos governantes para que achem meios de combater o aquecimento global e a poluição. E se seguirmos aquilo que Deus nos pede em sua palavra lutaremos por preservar a nossa vida e a de nossos semelhantes. Deus pediu para que cultivássemos e cuidássemos da terra e assim deve ser.
O Papa cita ainda na encíclica a importância de São Francisco de Assis para a ecologia, ele chamava a terra de “irmã” nossa, e como irmã deveríamos cuidar e cultivar dela. O Papa o toma por inspiração ao escrever a encíclica. A partir disso o papa faz um apelo desafiador de proteger a nossa casa comum. Promover um debate comum para ver como estamos construindo o futuro do planeta.
Uma das coisas mais preciosas que temos é a água, sem a água não conseguiremos viver, e o Santo Padre se preocupa muito com o futuro da água, que pode vir a faltar em muitos países e até no planeta, se providências não forem tomadas. A água é o símbolo da vida, que nos lava e nos purifica. E não podemos de jeito nenhum deixar que a mesma acabe. E provavelmente a água deve terminar primeiro para os mais pobres, essa é em suma a preocupação do Papa, lutar para que todos tenham acesso a água e não somente alguns.
Não somente a água, mas ao saneamento básico, tratamento de esgotos, que todos tenham condições dignas de vida. Que não falte o necessário para ninguém, essa é a preocupação do Romano Pontífice com essa Encíclica, que todos tenham direito a vida digna.
Portanto com essa Encíclica o Papa Francisco quer nos alertar a luz do Evangelho a cuidarmos e protegermos a nossa casa comum que é a terra. E em todos os sentidos proteger a vida humana. Esse tempo de pandemia de covid 19 que estamos enfrentando nos ajuda a pensar e a refletir um pouco em nossas ações e no valor da vida. Que após essa pandemia possamos mudar um pouco a nossa postura com o próximo e cuidado com o nosso planeta. Protegendo sempre os mais pobres e abandonados.
Cuidar da “casa comum” é, sobretudo neste momento dramático que vivemos de promovermos a solidariedade para com os hospitais filantrópicos que generosamente ajudam o serviço universal de saúde para os mais pobres. Deveremos pensar no futuro do povo brasileiro com a valorização e a promoção de melhorias no SUS. Isso é, também, ecologia humana integral.
A natureza é uma criação belíssima de Deus façamos todo o esforço para cuida-la e cultiva-la, fazendo a nossa parte, economizando água, reciclando o lixo, poluindo menos o meio ambiente, fazendo a nossa parte já será menos impactante os reflexos na natureza e com o nosso exemplo incentivando outras pessoas a cuidarem também dessa casa comum. Que essa encíclica nesse tempo nos ajude a sobretudo “preservarmos a vida” e cuidar daquelas que ainda estão por vir.
Que Deus nos abençoe e conserve nesta casa comum que é de todos nós e trabalhando juntos não faltará recurso nenhum para ninguém.
+ Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG