Muitos batizados não entendem o valor do jejum, não sabem para que jejuar e por que jejuar. Alguns, porque nem sabem o que o Evangelho e a Igreja ensinam sobre o assunto. Outros, porque deixaram a própria fé no armário do passado. Outros simplesmente porque veem o jejum como algo que vai contra seus próprios gostos, contra a “realização pessoal”.
Enquanto não houver despertar religioso em muitos corações, o jejum permanecerá esquecido. Ou será vivida, entre aqueles que querem “cumprir” e obedecer o que a Igreja pede, com rotina, com aborrecimento, como uma norma do passado que se suporta na esperança de que a Quaresma logo termine e a Páscoa chegue.
A fé profunda e o sentido religioso permitem-nos descobrir a razão do jejum. Mas se não há fé, se a religião é uma dimensão escassa, o que fazer?
O que você deve fazer é, precisamente, rápido para se abrir ao mundo da fé. Porque só quando aprendemos a romper com a escravidão da ganância, do prazer, da gula, escravos vivos de curiosidades e caprichos doentios, começamos a deixar espaço livre para a ação de Deus nas almas.
Em outras palavras: a tibieza com que se encara o jejum é destruída quando aceitamos o próprio jejum como forma de quebrar essa tibieza e nos abrir ao mundo da fé, da esperança e do amor.
O jejum não serve apenas para fortalecer o crente (algo muito importante); Serve, sobretudo, para iniciar o caminho da fé. Não serve apenas para alimentar a esperança; Serve, sobretudo, para afastar-se de falsas certezas e confiar no único Todo-Poderoso. Não nos serve apenas distribuir nossos bens e nosso tempo com quem precisa; Serve, de forma concreta e profunda, para romper com os enganos da ambição e do egoísmo, para abrir os olhos a tantas pessoas que precisam de amor, companhia, solidariedade, ajuda concreta e urgente no corpo e no espírito.
Como explicou o Papa Bento XVI, a privação do “alimento material que nutre o corpo facilita uma disposição interior para ouvir Cristo e ser nutrido por sua palavra de salvação. Com o jejum e a oração, permitimos que ele venha saciar a fome mais profunda que experimentamos no fundo do nosso coração: a fome e a sede de Deus” (Mensagem para a Quaresma 2009).
O jejum tem que se tornar, para a nossa geração, algo essencial para descobrir o que é essencial. Assim poderemos viver segundo um Evangelho que cura, que salva, que eleva e que muda o coração e a vida.
Pe. Fernando Pascual