Festa da Transfiguração do Senhor

transfiguração do Senhor
Material para catequese
Material para catequese

Temos a graça de celebrarmos a Festa da Transfiguração do Senhor. A Festa da Transfiguração do Senhor ou seja: Ele esconde o véu de sua humildade e nos revela sua divindade e sinaliza nossa vocação divina = Nós seremos como Ele, gloriosos e cheios de luz divina. Alegremo-nos com esta nossa vocação divina. (1Jo 3,1-2).

A Festa da Transfiguração do Senhor revela a voz do Pai e a divindade de Jesus: “Este é o meu Filho querido. Escutai-o”. Na Encarnação o Verbo divino tomou forma humana (Tornou-se semelhante aos homens!). Hoje, no corpo humano de Jesus brilha o esplendor divino (2Cor 4,6), a glória divina, própria do Verbo eterno de Deus.

A Festa da Transfiguração do Senhor, celebrada no Oriente desde o século V, celebra-se no Ocidente desde 1457. Situada antes do anúncio da Paixão e da Morte, a Transfiguração prepara os Apóstolos para a compreensão desse mistério. Quase com o mesmo objetivo, a Igreja celebra esta festa quarenta dias antes da Exaltação da Cruz, a 14 de Setembro. A Transfiguração, manifestação da vida divina, que está em Jesus, é uma antecipação do esplendor, que encherá a noite da Páscoa. Os Apóstolos, quando virem Jesus na sua condição de Servo, não poderão esquecer a sua condição divina.

Na primeira leitura – Dn 7,9-10.13-14 – apresenta a visão do profeta Daniel fala da dignidade e da vocação do Messias – Jesus. A Ele será entregue todo poder no céu, na terra e no universo. Humilhado até a morte na Cruz, mas glorificado pelo Pai com a plenitude do poder divino.

Na segunda leitura – 2Pd 1,16-19 – em tempo de perseguição, o Apóstolo Pedro recorda a “Transfiguração de Jesus na montanha sagrada”. Nossa fé não se baseia em “Historietas para crianças”, mas na revelação do próprio Deus Pai que o proclama seu Filho querido, a quem devemos escutar! Na segunda carta de São Pedro se arroga autoridade para falar de Cristo, porque na montanha da Transfiguração foi testemunha de sua glória. A carta de São Pedro atota o gênero literário, muito comum na Antiguidade judaica e cristã, do “testamento espiritual”.

No Evangelho – Mt 17,1-9 – Jesus revela sua divindade e recorda nossa vocação de filhos adotivos do Pai celeste. A glória de Jesus é garantia e força divina para superar as tribulações do tempo presente: “Este é meu Filho amado. Escutai-o!”. O episódio misterioso da Transfiguração de Jesus sobre um monte elevado, o Tabor, diante de três testemunhas escolhidas por ele: Pedro, Tiago e João, se situa no contexto a partir do dia em que Pedro confessou diante dos Apóstolos que Jesus é o Cristo, “o Filho de Deus vivo”.

 Esta confissão cristã aparece também na exclamação do centurião diante de Jesus na cruz: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39), pois somente no Mistério Pascal o cristão pode entender o pleno significado do título “Filho de Deus”. A partir desta revelação de Pedro, inspirado pelo Pai, Jesus, diz São Mateus, “começou a mostrar a seus discípulos que era necessário que fosse a Jerusalém e sofresse… que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia” (Mt 16,21).

Pedro rechaça este anúncio, os demais também não o compreendem, mas Jesus mostra a eles que afastá-lo do cálice da Paixão, que ele deveria beber, era ser movido por Satanás.

Pela Transfiguração Jesus preparou os discípulos para não se escandalizarem com a sua Paixão e morte na Cruz, o que para eles foi um trauma e um grande desafio; mostrou-lhes a Sua glória e divindade; e deu-lhes conhecer um antegozo do Céu. Mas para isso, como Ele, temos que passar pelas provações deste mundo, sempre ajudados pelas consolações de Deus.

A Transfiguração do Senhor é um consolo. De fato, dizia São Leão Magno que “o fim principal da transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz”; trata-se de uma “gota de mel” no meio dos sofrimentos. A transfiguração ficou tão gravada na mente dos três apóstolos que estavam com Jesus que anos mais tarde São Pedro lembrar-se-ia deste fato na sua segunda epístola: “Este é o meu filho muito amado, em quem tenho posto todo o meu afeto”. Esta mesma voz que vinha do céu nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo” (2 Ped 1,17-18).

Contudo, o mistério da Transfiguração nos mostra a realidade e a antecipação do mistério da Cruz e depois da glória do Senhor. Que este nos leve a olhar para este mistério e esperar e depositar a nossa vida no Senhor, pois, Deus é a nossa fortaleza e a nossa esperança.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ