Eu creio em Jesus, aquele que vive e nos dá a vida plena!

conversão, fé em cristo
Material para catequese
Material para catequese

Chegamos ao 5º Domingo da Quaresma! A liturgia garante-nos que o desígnio de Deus é a comunicação de uma vida que ultrapassa definitivamente a vida biológica: é a vida definitiva que supera a morte. Pela celebração de sua Páscoa, Jesus nos faz passar da morte à vida e nos insere na novidade da graça.

Na primeira leitura (Ez 37,12-14), Javé oferece ao seu Povo exilado, desesperado e sem futuro (condenado à morte), uma vida nova. Essa vida vem pelo Espírito, que irá recriar o coração do Povo e inseri-lo numa dinâmica de obediência a Deus e de amor aos irmãos. A leitura faz parte da cena dos ossos ressequidos, que representam a situação de Israel no exílio da Babilônia. O sopro divino fará o povo reviver. Quando já não resta esperança de vida, o espírito de Deus sopra, recriando e restaurando novamente o povo de Israel. O profeta reaviva a esperança de dias melhores.

O Evangelho (Jo 11,1-45) garante-nos que Jesus veio realizar o desígnio de Deus e dar aos homens a vida definitiva. Ser “amigo” de Jesus e aderir à sua proposta (fazendo da vida uma entrega obediente ao Pai e um dom aos irmãos) é entrar na vida definitiva. Os crentes que vivem desse jeito experimentam a morte física; mas não estão mortos: vivem para sempre em Deus.

O Evangelho de hoje é o sétimo sinal de Jesus no quarto Evangelho. Prefigura o grande e maior sinal do Senhor: a sua Ressurreição! Para nossa meditação, pontuemos alguns elementos. Primeiro, quanto às personagens: 1 – Jesus age calmamente, confia no Pai; 2 – os discípulos tem medo; Tomé afirma: “vamos nós também para morrermos com Ele”; 3 – Marta e Maria, irmãs amigas de Jesus, confiam nele; 4 – os curiosos queriam ver “coisas” extraordinárias, não eram movidos pela fé; 5 – Lázaro, desatado da morte, sai e caminha. Jesus não tem problemas com a morte, venceu a morte de Lázaro, vencerá a morte com a sua morte e a sua Ressurreição. Quem tem problemas com a morte são as pessoas, aquela comunidade ali reunida que ainda não experimentou o poder de Jesus sobre a morte!

Segundo: a grande proclamação de Jesus, a partir da qual nós, comunidade cristã, devemos nos firmar, crer, esperar, viver e proclamar: “Eu sou a ressurreição e a vida (…) todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais”. Terceiro: se nos evangelhos sinóticos, é Pedro, no Evangelho de João, é uma mulher quem faz a grande profissão de fé: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. Será, também, uma mulher a primeira a proclamar a Ressurreição de Jesus, Maria Madalena (Jo 20,18). Por fim, o sinal realizado por Jesus, desperta a fé. Essa é a intenção das obras de Jesus, despertar a fé em sua Palavra e Pessoa.

A segunda leitura (Rm 8,8-11) lembra aos cristãos que, no dia do seu batismo, optaram por Cristo e pela vida nova que Ele veio oferecer. Convida-os, portanto, a ser coerentes com essa escolha, a fazerem as obras de Deus e a viverem “segundo o Espírito”. O Espírito de Deus nos leva a passar da vida “segundo a carne”, marcada pela fragilidade e pela enfermidade, bem como pelo fechamento no próprio egoísmo, para uma vida “segundo o Espírito”, aberta à força vinda de Deus, a qual anina a pessoa. Pela infusão do Espírito no batismo, tornamo-nos novas criaturas, pertencentes ao Cristo Ressuscitado.

Vamos repetir muitas vezes neste domingo: Eu creio em Jesus, aquele que vive e nos dá a vida plena! Ressuscitar é todo dia, quando acordamos e o rosto da manhã se apresenta como um sorriso. A Quaresma seja, para nós, tempo de profunda experiência de Deus e possibilidade de renovação: “Ele, que ressuscitou Cristo Jesus, dentre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais” (Rm 8,11).

+ Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG.