Há divisões porque algo separa um do outro. Esse “algo” pode ser muitas coisas: uma ideia, uma injustiça, um rancor, um mal-entendido, uma fronteira, um rótulo, uma notícia, uma herança, uma história…
Diante das divisões, surgem várias questões: são todos culpados?? Ou ninguém tem culpa? Ou todos têm? Eles são superáveis? Como? Alguém deve ceder?
Encontrar respostas é extremamente difícil. Em parte, porque cada um apresentará um ponto de vista diferente sobre as causas da divisão. Em parte, porque as propostas de solução também são complexas e nelas são geradas facilmente novas divisões.
É simplista dizer que todos são culpados pelas divisões. Há quem não tenha culpa. Se em uma família a divisão surge porque uma parte age violentamente sobre a outra, a culpa é do agressor, não de quem justamente se separa para evitar sofrimentos absurdos.
Pela mesma razão, é necessário procurar as causas e falhas das divisões. Para isso, antes de olhar para o outro, a pergunta é dirigida a si mesmo: eu tinha alguma responsabilidade pelo que aconteceu? Agi corretamente diante do problema? Tenho o coração aberto à verdade e à justiça? Estou disposto a pedir desculpas ou perdoar conforme apropriado?
Estas são questões centrais que cada um deve formular. Se cada parte responder corretamente, será possível uma reaproximação, pois só há decisões que auxiliam na reconciliação quando todos descobrem onde estão e o que devem fazer.
Na longa história das divisões humanas, precisamos, portanto, de um olhar sereno e equilibrado para reconhecer as falhas passadas ou presentes que abrem feridas e trabalhar na construção de pontes baseadas na verdade, na justiça e no perdão.
Não há outras fórmulas para romper as fronteiras do mal. Somente quando os corações estiverem dispostos a se abrir para a verdade, perdoar e pedir perdão, os culpados e inocentes poderão apertar as mãos e começar a trilhar caminhos de paz e harmonia.
Fernando Pascual