O SACRAMENTO DA ORDEM
(Itens 1536 a 1589 do Catecismo da Igreja Católica)
Os sacramentos de serviço -: o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia são os sacramentos da iniciação cristã. Suportam a vocação de todos os discípulos de Cristo à santidade e à evangelização do mundo. Conferem as graças necessárias à vida segundo o Espírito Santo.
Dois outros sacramentos, a ordem e o matrimônio, são sacramentos direcionados à salvação de outras pessoas. Se contribuem também para a salvação pessoal, é através do serviço aos outros. Os que recebem o Sacramento da Ordem são consagrados para serem, em nome de Cristo, os pastores da Igreja. Por sua vez, os esposos cristãos, para cumprirem dignamente os seus deveres, são fortalecidos e, de certa maneira, consagrados pelo Sacramento do Matrimônio.
O Sacramento da Ordem -: a Ordem é o Sacramento pelo qual a missão confiada por Jesus aos seus Apóstolos continua sendo exercida pela Igreja até o fim dos tempos. A Ordem comporta três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado.
A palavra Ordem, na antiguidade romana, designava sobretudo os grupos que tinham a missão de governar. “Ordinatio” (ordenação) designava a integração num “ordo” (ordem). Como o grupo de pastores da Igreja é um “ordo”, a sua integração (ordenação) nesse grupo, constituído como um Sacramento, chama-se Ordem.
O Sacramento da Ordem através da História Sagrada -: No Antigo Testamento, o povo de Israel foi eleito por Deus como “um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Ex 19, 6). Mas dentro do povo de Israel, Deus escolheu uma das doze tribos, a de Levi, para o serviço litúrgico. Os sacerdotes judeus eram então chamados de “levitas” e constituídos para intermediar as relações entre Deus e o povo. Instituído para anunciar a Palavra de Deus e para restabelecer a comunhão com Deus pelos sacrifícios e pela oração, esse sacerdócio, continuado pela Igreja Católica, não basta para operar a salvação. Precisa, para isso, repetir sem cessar os sacrifícios e não é suficiente para levar à santificação definitiva, que só o sacrifício de Cristo pode operar.
O único sacrifício de Cristo -: todas as características do sacerdócio da Antiga Aliança encontram seu pleno cumprimento em Jesus Cristo. Ele é “o único mediador entre Deus e os homens” (1Tim 2, 5). O sacrifício redentor de Cristo é único, realizado de uma vez por todas. Entretanto, tornou-se presente no sacrifício eucarístico da Igreja, a missa. O mesmo acontece com o único sacerdócio de Cristo: tornou-se presente no Sacramento da Ordem, sem diminuir em nada o seu caráter único. Podemos então dizer que somente Cristo é o verdadeiro sacerdote, os ordenados são seus ministros.
Existem duas participações no sacerdócio único de Cristo: a comunidade dos fiéis é sacerdotal e exerce seu sacerdócio batismal através de sua participação como membro da Igreja, cada qual segundo a sua vocação. O sacerdócio ministerial dos Bispos e dos Presbíteros (padres) é a outra forma de participação. No serviço eclesial do ministro ordenado, é o próprio Cristo que está presente na Igreja, como Cabeça de seu Corpo. A Igreja expressa isso dizendo que o sacerdote, pela sua ordenação, age “in persona Christi Capitis”, ou seja, “na pessoa de Cristo-Cabeça”.
Essa presença de Cristo no sacerdote não deve ser compreendida como se este estivesse imune a todas as fraquezas humanas, aos erros e até aos pecados. A força do Espírito Santo não garante, do mesmo modo, os atos pessoais dos ministros. Nos Sacramentos, entretanto, essa garantia é assegurada, de forma que mesmo o pecado do sacerdote não impede os frutos da Graça. Trocando em miúdos: qualquer ato litúrgico é plenamente válido, mesmo que o sacerdote que o realiza esteja em pecado. O Sacramento da Ordem comunica a quem o recebe um poder sagrado, que é o próprio poder de Cristo. O exercício deste poder pelos sacerdotes deve, pois, ser medido pelo modelo do próprio Cristo que, por amor, se fez o servo de todos.
Os três graus do Sacramento da Ordem -: a ordenação episcopal – o episcopado – confere aos bispos a plenitude do Sacramento da Ordem que, pela Tradição da Igreja, é chamada de “o Sumo Sacerdócio”. Juntamente com a função de santificar, confere também a missão de ensinar e dirigir. Cada Bispo tem o encargo pastoral da Igreja particular que lhe foi confiada, embora, como ministro, seja também responsável pela Igreja como um todo.
Os presbíteros não possuem o máximo da hierarquia sacerdotal e, no exercício de seu poder, dependem dos Bispos. No entanto, estão unidos aos Bispos na dignidade de sacerdotes. Eles são consagrados para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar os Sacramentos (exceto a própria ordem), de maneira que são verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento.
No grau menor da hierarquia estão os diáconos. Estão direcionados não para o sacerdócio, mas para o serviço. É o Bispo que os ordena, estando portanto diretamente ligados ao Bispo para o exercício de seu diaconado. Cabe aos diáconos auxiliar aos Bispos e aos padres na celebração dos divinos mistérios, principalmente a Eucaristia, distribuir a Comunhão, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, pregar o Evangelho, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade.
Os efeitos do Sacramento da Ordem -: somente o cristão do sexo masculino pode receber o Sacramento da Ordem, pois o Senhor Jesus escolheu homens para o colégio dos Doze Apóstolos, e estes fizeram o mesmo quando escolheram seus sucessores, e assim por diante, até hoje. A Igreja respeita a sua Tradição, por isso a ordenação de mulheres não é possível.
O primeiro efeito da Ordem é o seu caráter indelével, ou seja, não pode ser apagado. Mesmo deixando o sacerdócio ou a própria Igreja, o ordenado continua sacerdote. Outro efeito da Ordem é o recebimento da Graça do Espírito Santo, tal como os outros sacramentos conferem. No caso da Ordem, e especialmente na ordenação dos bispos, esta Graça é especial, conferindo ao ordenado a força necessária para o cumprimento de sua missão. Os diáconos também recebem esta Graça.