Curso 01 Aula 13 – Despojados, revestidos e fraternos

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CARTA AOS COLOSSENSES: DESPOJADOS, REVESTIDOS E FRATERNOS (3,5 – 4,6)

Despojados do homem velho… -: “Façam morrer aquilo que em vocês pertence à terra…impureza, paixões, desejos maus e a cobiça de possuir, que é uma idolatria. Tudo isso é o que atrai a ira de Deus” (3, 5) .

Paulo, com esse trecho, retoma a orientação que é comum a todas as suas cartas: é preciso que o cristão se despoje de tudo aquilo que era antes de conhecer a Jesus Cristo, e se torne um novo homem. Mas ele sabe que não é fácil despojar-se do “homem velho” e revestir-se do “homem novo”.

No texto, Paulo ressalta o tema do batismo, que, segundo ele, despoja o homem velho, cheio de vícios, e o reveste de um homem novo, fiel ao seguimento de Jesus Cristo. Esse texto, provavelmente, recorda o ritual do batismo daqueles tempos: aqueles que iam ser batizados, antes de entrar no tanque com água, retiravam suas vestes antigas e, ao sair da água, eram vestidos com roupas novas, representando a nova vida dessas pessoas e o compromisso de tornar-se um homem novo.

Nasce dessa forma a imagem do “homem novo”, que irá construir a nova humanidade, conforme o desejo de Cristo. E qual é essa imagem? A imagem do próprio Jesus Cristo. O objetivo de quem recebeu o batismo é, portanto, ser imagem e semelhança de Deus. Isso é o que Paulo ensinava aos colossenses e ensina a todos nós, que também recebemos o batismo. Qual está sendo a nossa imagem?

… e revestidos do homem novo -: “Como escolhidos de Deus, santos e amados, vistam-se de sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e se perdoem mutuamente, sempre que tiverem queixa contra alguém. Cada um perdoe ao outro, da mesma forma que o Senhor Jesus perdoou a todos. E acima de tudo, vistam-se com o amor, que é o laço da perfeição. Que a paz de Cristo reine no coração de vocês”.(3, 12 – 15).

Como já ressaltado em outras ocasiões, os textos das cartas paulinas são cheias de ensinamentos que não perderam sua atualidade com o passar do tempo. Vamos transportar o texto acima para qualquer comunidade cristã de hoje e, em particular, para esta nossa comunidade cursilhista. Quanta gente já não freqüenta a Escola e afastou-se do Cursilho porque teve um desentendimento com alguém? Porque não gostou de alguma coisa feita por outra pessoa? “Suportem-se uns aos outros…”. Paulo sabia muito bem do que falava.

Não podemos esperar que, numa comunidade, todos tenham o mesmo pensamento que nós, todos concordem conosco e tudo seja feito como nós queremos. Também não podemos querer que aqueles que dirigem a comunidade (eleitos por nós, é bom lembrar) acertem sempre e não cometam erros. “Cada um perdoe ao outro…”.

Paulo coloca uma lista de virtudes contrapondo-se à lista de vícios anterior. O que torna uma comunidade agradável a Deus não é a ausência de falhas e limitações em seus membros e sim a capacidade de amar e perdoar (Na primeira carta de Pedro (1Pd 4, 8), o Apóstolo nos ensina que “o amor cobre uma multidão de pecados”.

Buscar a fraternidade em Cristo -: “Mulheres, sejam submissas aos seus maridos, como convém no Senhor. Maridos, amem as suas mulheres e não sejam grosseiros com elas. Filhos, obedeçam em tudo aos seus pais, porque isso agrada ao Senhor. Pais, não irritem aos seus filhos, para que eles não desanimem” (3, 18 – 21).

Esses são os conselhos de Paulo a uma família cristã. Muita gente pode dizer que essas orientações já não cabem no mundo moderno. Mas não se deve tomar as coisas ao pé da letra. Quando Paulo pede às esposas serem “submissas”, ele não pretende que elas não tenham opinião própria, mas sim que respeitem, dentro do possível, a figura do chefe da família, conforme a visão patriarcal daqueles tempos.

Aos maridos, Paulo pede que amem as suas mulherese não imponham sua força física para resolver assuntos que dizem respeito à família como um todo. Como agir com os filhos e com os pais também não é esquecido por ele.


Como se vê, é uma lição de fraternidade na família, que pode ser repassada para a comunidade como um todo. Caminhando para a conclusão da carta, Paulo pede que as comunidades não cessem de rezar, como ele faz, pois a oração é a comunhão com Deus.

Aconselha também aos colossenses (e a nós) que “usem de sabedoria para com os que não são cristãos”. Em outras palavras, deseja que as comunidades sejam fermento na sociedade, dando o exemplo de tolerância que Cristo sempre teve, e não vejam inimigos naqueles que não pensam como nós (no nosso caso, também aqueles cristãos não católicos).


Nas entrelinhas, Paulo nos mostra que devemos seguir aquilo que Jesus diz aos discípulos no sermão da montanha: “Vocês são o sal da terra e a luz do mundo…que a sua luz brilhe diante dos homens, para que eles vejam as suas boas obras e louvem ao Pai que está nos céus” (Mt 5, 13 – 16).