Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!

Jesus não permite que afundem no mar da vida. O braço de Jesus está sempre estendido para quem N’Ele crê.
Material para catequese
Material para catequese

Junto com o Dia dos Pais, no Brasil, a sagrada liturgia do 19º Domingo do Tempo Comum tem como tema fundamental a revelação de Deus. Fala-nos de um Deus apostado em percorrer, de braço dado com os homens, os caminhos da história.

A liturgia deste domingo é uma catequese sobre a fé. Os discípulos  estavam na barca, longe da terra, enquanto Jesus permanecia na margem. Era noite e as águas do mar agitavam a barca, pois o vento era contrário. A circunstância é de medo: noite, barca desnorteada e mar agitado, símbolos do desconhecido e do perigo.

O Senhor vem ao encontro dos discípulos andando sobre as águas. Os discípulos são incapazes de ver Jesus, pensam ser um fantasma! Ouvindo os gritos, Jesus impele à fé e à coragem: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” Quer dizer: não precisa de medo, mas de fé, “Sou eu”(Deus)! Pedro, querendo pôr Jesus à prova, acaba provado: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu e, andando sobre a água, teve medo e começou a afundar. Gritou: “Senhor, salva-me!”. Jesus estendeu a mão, salvou-o e repreendeu-lhe: “Fraco na fé e cheio de dúvidas”. Jesus não é um fantasma, é o Senhor” Se nele cremos, chamando-o de Senhor, qual é motivo da dúvida e da falta de fé?

 Jesus não permite que suas comunidades e que seus discípulos se afundem no mar perigoso da perseguição ou de qualquer outro mal. O braço de Jesus está sempre estendido para quem crê N’Ele. O vento se acalmou e prostraram-se diante dele em adoração, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”.

A primeira leitura – 1Rs 19,9a.11-13a – convida os crentes a regressarem às origens da sua fé e do seu compromisso, a fazerem uma peregrinação ao encontro do Deus da comunhão e da Aliança; e garante que o crente não encontra esse Deus nas manifestações espetaculares, mas na humildade, na simplicidade, na interioridade.

 Perseguido por Jezabel, Elias foge para o monte Horeb, onde faz a experiência de Deus. Este, porém, não se revela mediante os elementos tradicionais – o vento, o terremoto e o fogo – e, sim na brisa mansa e silenciosa. Muitas vezes é necessário “sair das formas tradicionais” para encontrar Deus. Ele se revela de maneiras inesperadas e variadas, também no silêncio do coração.

O Evangelho – Mt 14,22-33 – apresenta-nos uma reflexão sobre a caminhada histórica dos discípulos, enviados à “outra margem” a propor aos homens o banquete do Reino. Nessa “viagem”, a comunidade do Reino não está sozinha, à mercê das forças da morte: em Jesus, o Deus do amor e da comunhão vem ao encontro dos discípulos, estende-lhes a mão, dá-lhes a força para vencer a adversidade, a desilusão, a hostilidade do mundo.

Os discípulos são convidados a reconhecê-l’O, a acolhê-l’O e a aceitá-l’O como “o Senhor”. É preciso atravessar as ondas da resistência para expandir o Reino de Deus. “Caminhando sobre o mar”, Jesus como que antecipa a vitória sobre a morte que será alcançada com a ressurreição.

Convidada a encarar os desafios, a Igreja precisa fazer a travessia do “mar”, pois a outra margem do lago é o lugar da missão. A comunidade não pode ficar fechada em si mesma por medo de enfrentar as adversidades, mas precisa ir às periferias!

A segunda leitura – Rm 9,1-5 – sugere que esse Deus, apostado em vir ao encontro dos homens e em revelar-lhes o seu rosto de amor e de bondade, tem uma proposta de salvação que oferece a todos. Convida-nos a estarmos atentos às manifestações desse Deus e a não perdermos as oportunidades de salvação que Ele nos oferece.

Paulo vê, com brande tristeza e imenso sofrimento, a rejeição de Jesus por parte dos judeus. É tão grande o amor do apóstolo por eles, que seria capaz de desejar ser rejeitado por Cristo em favor de seus compatriotas, se isso os movesse ao compromisso com Jesus. A seguir, Paulo lhes apresenta alguns privilégios de sua condição de israelitas, como prova do amor de Deus.

Não tenhamos medo de nada em nome de Cristo e da Igreja! Neste domingo o Filho de Deus revela-se como nosso companheiro de jornada, o defensor dos fracos, o Irmão Maior que nos acompanha na missão e nos dá forças para superar os mares da maldade, injustiça e tribulações.

Com fé e coragem, chegaremos com Ele ao outro lado, mais além onde nos espera a terra de vida mais digna, partilhada e fraterna. Não tenhamos medo, portanto, é Ele mesmo, nosso Mestre e Senhor, que o assim quer.

Vivenciando este mês de oração pelas vocações, hoje, agradecemos a Deus pelo dom da vida de nossos pais: esses homens que contribuíram em nossa formação e educação; sejam aqueles que já estão na glória eterna. Com esta Liturgia dominical iniciamos a Semana Nacional da Família, este ano com o tema: “Família, fonte de vocações!”. Deus abençoe nossos pais e ajude nossas famílias a serem corações ardentes e pés a caminho!

+ Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG