Diz uma fábula que certa vez Buda estava sentado no chão, ao pé de uma árvore, em oração. Ele tinha as pernas encolhidas e cruzadas, e as mãos sobre os joelhos. Estava em oração.
Chegou uma rolinha. Ela estava cansada de tanto voar, porque um gavião a estava perseguindo a fim de devorá-la.
Buda pegou a rolinha e a colocou debaixo do seu paletó.
Nisto chegou o gavião e lhe disse: “Dê-me essa rolinha. Eu sou carnívoro e preciso dela para me alimentar”. Buda pensou um pouco e disse: Vamos fazer uma troca: eu lhe dou uma parte do meu corpo correspondente a esta rolinha”.
O gavião aceitou. Apareceu uma balança, daquelas de dois pratos, e Buda pôs a rolinha em um prato e no outro colocou a sua pesada mão. Entretanto, para surpresa sua, a balança continuou caída para o lado da rolinha. Então ele pôs o seu braço no prato. Nada, o prato da rolinha continuava mais baixo. Colocou o outro braço. Também nada. Então Buda sentou-se no prato da balança. Nessa hora a balança se equilibrou e os dois pratos ficaram no mesmo nível. Então Buda disse ao gavião: “Sou todo seu. Pode levar-me. Mas não toque na rolinha”.
A nossa vida custou caro para Jesus. Custou o seu corpo inteiro. Mesmo assim ele não recusou, e ficamos salvos. E nós temos no mundo a mesma missão dele. “Ninguém tem maior amor do que aquele dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
O amor só é verdadeiro quando inclui, desde o começo, uma doação total da vida. Amor é tudo ou nada. Amor parcial é caricatura de amor. Quando vemos um mendigo na rua e lhe damos um trocado, ou apenas um sorriso, não lhe estamos dando apenas um trocado ou um sorriso, mas nesses gestos está embutida a nossa vida toda, doada a ele ou ela, se preciso for.