“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. (Mt 5,3)
Celebramos o quarto do Tempo Comum, e acompanhamos Jesus em sua vida pública anunciando o Reino de Deus. Nesse domingo, Jesus sobe ao monte para rezar e ensinar os discípulos. Ouviremos no Evangelho o conhecido sermão da montanha iniciando com as bem-aventuranças. Em nossa vida, somos chamados a ser bem-aventurados, ou seja, pautar a nossa vida pelos ensinamentos de Jesus e buscar a santidade.
Bem-aventurados somos nós, quando vamos com a nossa família à missa aos domingos, escutamos o que o Senhor tem a nos falar e comungamos do seu Corpo e Sangue. Ao ser batizados, já nos tornamos bem-aventurados, pois passamos a pertencer a Deus, somos lavados de toda a mancha do pecado, nos tornamos novas criaturas. Após o batismo, nos tornamos testemunhas de Jesus Cristo e chamados a trilhar uma vida de santidade, ou seja,
Após buscar seguir os preceitos do Senhor aqui na terra e trilhar um caminho de santidade, almejamos o prêmio das bem-aventuranças, que é a vida eterna. Edifiquemos o Reino de Deus aqui na terra, para vivê-lo de maneira definitiva no céu. Que possamos tornar as bem-aventuranças nosso “programa de vida” e pautar a nossa vida segundo o Evangelho de Cristo. Sejamos livres para amar a Deus e ao próximo e nos tornemos ricos para Deus.
A primeira leitura da missa desse domingo é da profecia de Sofonias (Sf 2,3; 3,12-13). O profeta diz para o povo buscar o Senhor, e praticar tudo aquilo que advém do Reino de Deus. Em primeiro lugar, aquele que busca a Deus deve ser humilde e pautar a vida na caridade, no amor e na justiça. Escolhendo trilhar o caminho da justiça, da caridade e da humildade, seremos merecedores do prêmio eterno no dia da vinda do Senhor. Coloquemos a esperança em Deus e na sua misericórdia que jamais falha.
O salmo responsorial é o 145 (146), que diz em seu refrão: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus”. Essa pobreza de espírito que o salmista diz, e que depois Jesus vai falar nas bem-aventuranças, não significa a pobreza econômica, mas significa que devemos ser livres para amar a Deus e amando a Deus seremos merecedores da vida eterna. Devemos nos desprender de tudo aquilo que nos impede de amar a Deus e ao próximo.
A segunda leitura é da primeira carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 1, 26-31). A leitura segue o que estamos ouvindo há alguns domingos, desde o início do Tempo Comum. Paulo ensina à comunidade sobre a humildade, e que todos nós devemos nos aceitar com as nossas capacidades e inteligência, pois foi assim que fomos chamados por Deus. Não precisa ser muito sábio e inteligente para falar de Deus. O Senhor escolhe os fracos para confundir os fortes e, ainda, não escolhe capacitados, mas capacita os escolhidos.
O Evangelho desse domingo é de Mateus (Mt 5, 1,12a). Este Evangelho é sobre as bem-aventuranças, iniciando o conhecido “Sermão da Montanha”, e é o centro do Evangelho de Mateus. Jesus, vendo a multidão, subiu ao monte e sentou-se. O monte é sempre o lugar do encontro com o Senhor e de onde, desde o Antigo Testamento, Deus falava com os profetas.
Jesus sente no coração que a multidão que ali estava precisava de um ensinamento, pois muitos estavam longe de Deus e trilhando um caminho de pecado. Podemos destacar a primeira bem-aventurança que diz: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Jesus com essa bem-aventurança não se refere apenas a algo material, mas devemos ser livres para amar a Deus, ou seja, nenhum bem material deve nos impedir de servir ao Senhor.
Somos pobres em espírito toda vez que fazemos a vontade de Deus. Um exemplo de pobreza de espírito é a Virgem Maria, que não hesitou em dizer “Sim” a Deus, se despojou de tudo para servi-lo. Sejamos dóceis à ação do Espírito Santo e que possamos conformar a nossa vida com a vontade de Deus.
As bem-aventuranças são o caminho que devemos seguir para almejar a vida eterna. Com certeza, os santos que nos precederam viveram as bem-aventuranças, eles são testemunhas para nós, e assim como eles, devemos procurar colocar em prática as bem-aventuranças no nosso dia a dia. O Evangelho das bem-aventuranças também é proclamado no dia de todos os santos, para justamente nos indicar que o caminho para a santidade inicia aqui.
Celebremos com alegria o 4º Domingo do Tempo Comum e que possamos colocar em prática as bem-aventuranças e estar disponíveis para amar e servir a Deus e ao próximo.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ