Jesus quer que aprendamos com a inocência de cada criança e nos ensina: “Os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: ‘Quem é o maior no Reino dos céus?’. Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: ‘Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus’” (Mateus 18,1-3).
Por que não um jovem? Por que não um ancião?
Jesus quis mostrar a Seus discípulos uma criança. Respondeu com um gesto, e a criança se tornou a mais eloquente resposta para a pergunta daqueles homens: “Quem é o maior no Reino dos céus? O maior é a criança! Ou todo aquele que procura ter os sentimentos dela”.
Para ser o maior no Reino não basta ter a força e a garra próprias da juventude ou a sabedoria e a experiência de vida de quem traz cabelos brancos. É preciso ter inocência como as crianças!
Confesso a você que tenho aprendido muito com meus filhos por meio da convivência diária com eles: aprendo a amar, servir, pedir perdão, voltar atrás e, principalmente, viver. E, vivendo, vou descobrindo que a vida é um constante aprendizado.
Tenho aprendido, nessa escola da vida, que uma das virtudes próprias da inocência de cada criança. Inocência em falar a verdade, sem medo de se expor, sem se preocupar em agradar ou desagradar. Que nos faz rir e chorar muitas vezes, que nos impulsiona a cobrir nossos filhos de beijos em vários momentos ou a dar-lhes aquele sermão. A inocência de quando nos faz ficar com “a pulga atrás da orelha” por causa daquela pergunta sem fácil resposta, ou cheios de orgulho, porque, finalmente, conseguimos bancar o “papai sabe-tudo”, quando a nossa resposta conseguiu revelar o que até então lhes era misterioso.
A criança é inocente. Por isso, no Reino de Jesus, ela sempre será a maior, porque a inocência é própria de Deus. Ele é o inocente por excelência.
Um mundo carente de inocência
Infelizmente, há muito tempo, esse mundo não sabe mais o que é inocência. No entanto recordo-me de que, anos atrás, o nosso país ficou horrorizado com a morte de um inocente de apenas seis anos, arrastado por sete quilômetros pelas ruas do Rio de Janeiro. Agora, no Reino dos Céus, encontra-se mais uma vítima de um mundo violento e que perdeu sua inocência faz tempo. Mas é por esse mundo desumano e que arrasta suas crianças inocentes pelo chão que Jesus morreu. Ele, o Supremo Inocente, derramou Seu Sangue por amor a cada um de nós.
Jesus (mais do que eu e você) acredita que essa sociedade pode voltar à sua inocência original. Por isso, ao terminar de ler essa reflexão, se você se encontrar com uma criança (quem sabe seu próprio filho) sorria e dê um forte abraço nesse pequeno inocente, na certeza de que você não abraça somente uma criança, mas também um sinal de Deus para este mundo: um sinal de esperança. Sim, isso mesmo: um sinal de esperança!
A criança é a maior no Reino dos céus e o maior sinal de que Deus ainda aposta neste mundo. Pois, por intermédio da inocência de cada criança, que nos desconcerta e também nos edifica, somos lembrados por Deus de que, antes de um mundo assassino e sem piedade, existiu um mundo inocente em sua origem e repleto da grandeza d’Ele!
Observe e aprenda com a inocência de cada criança
Se hoje, por qualquer razão, você não consegue mais enxergar este “mundo paradisíaco” ao seu redor nem mesmo dentro de você, lembre-se de que Deus colocou, em seu caminho, esses “pequenos lembretes” de fralda, chupeta, dedo no nariz, pipas sendo empinadas, chutes na bola, corridas pelo parque, rostinhos lambuzados de chocolate e algodão-doce, sonos sossegados no colo da mãe. Enfim, crianças inocentes! São elas que nos lembram da inocência que tivemos um dia; e, hoje, somos chamados a buscá-la novamente. O primeiro passo é observá-las. Observar para aprender!
Ainda hoje, Jesus coloca seu sinal de inocência em nosso meio. Por isso, queira enxergar. Deseje observar e tente aprender com a inocência de cada criança.
É isso que eu tenho procurado fazer neste tempo. Sabe por quê? Porque eu não quero acreditar num mundo que arrasta nossos inocentes para a morte! Acredito, antes, num mundo que, mesmo tendo perdido sua inocência, aos olhos de Jesus nunca deixou de ser amado e querido por Ele.
Vamos rezar?
Reinflama em nós, Senhor, o desejo de aprender com a inocência das crianças! E ao aprender com elas, que queiramos ser contagiados pela certeza de que o Teu amor por este mundo é a verdadeira resposta, a grande esperança e a real solução para os conflitos de cada ser humano. Amém.
Alexandre Oliveira
Missionário da Comunidade Canção Nova
www.cancaonova.com