Celebramos, neste domingo, o sétimo Domingo da Páscoa. E, no Brasil, comemoramos a solenidade da Ascensão do Senhor ao céu, solenidade transferida da quinta-feira anterior. Também comemoramos neste domingo o 57° Dia Mundial das Comunicações Sociais, que tem como tema: Falar com o coração: “Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15). Somos enviados por Jesus a sair e anunciar a boa nova (o evangelho), pois todos nós somos chamados a ser comunicadores bem, ou seja, comunicadores do evangelho de Cristo.
Jesus volta ao Pai, mas não nos deixa órfãos, envia o Espírito Santo, o Paráclito, o defensor, que nos faz sentir a sua presença no meio de nós. O Espírito Santo conduz e guia a Igreja e recebemos o dom do Espírito Santo no batismo e confirmamos na Crisma. É por meio do Espírito Santo que saímos em missão e nos tornamos anunciadores da boa nova. Por meio desse mesmo Espírito, é que se tem o perdão dos pecados e a Eucaristia. É esse mesmo Espírito que nos reúne em comunidade para ouvir a sua palavra e partilhar a eucaristia.
A Santíssima Trindade é uma comunhão de amor, onde o Pai está totalmente voltado para o Filho, o Filho totalmente voltado para o Pai e o Espírito Santo voltado para o Pai e o Filho. Do mesmo modo que quem vê o Pai, vê o Filho, quem vê o Filho vê o Pai e, consequentemente, vê neles o Espírito Santo. Essa comunhão de amor da Santíssima Trindade deve inspirar as nossas comunidades a viverem em plena comunhão. A comunhão Eucarística deve nos levar à comunhão com os irmãos.
No Evangelho deste domingo Jesus envia os discípulos em missão para anunciarem a Boa Nova e fazer a sua Igreja crescer. Do mesmo modo que Ele enviou os discípulos, Ele envia cada um de nós hoje. E do mesmo modo que os discípulos, somos chamados a testemunhar o evangelho aos nossos irmãos e irmãs.
A primeira leitura da missa deste domingo é do livro de Atos dos Apóstolos (At 1,1-11). O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas, mesmo autor do terceiro Evangelho, por isso inicia o livro falando “No meu primeiro livro, ó Teófilo”. Lucas se dirige a Teófilo dizendo tudo o que havia dito sobre Jesus em seu Evangelho, como se deu a sua vida pública, paixão, morte e ressurreição e, após a ressurreição, como se deu a sua aparição aos discípulos. Lucas, nesse início do livro de Atos dos Apóstolos, relata a Ascensão de Jesus ao céu e a partir daí com pentecostes tem início a Igreja primitiva.
No versículo oito, Lucas diz: “Mas recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria, e até os confins da terra”. Esse mesmo Espírito que Jesus deixou com os discípulos antes de voltar para o Pai, continua a acompanhar a Igreja nos dias de hoje. É graças a esse Espírito Santo que a Igreja continua “viva”, anunciando o Evangelho e sendo sinal de Jesus Cristo nos dias de hoje. Jesus deixa com os discípulos a força do Espírito Santo que o movia para a vida pública, a partir daquele momento, os discípulos fariam tudo aquilo que Jesus fez.
O salmo responsorial é o 46 (47), que diz em seu refrão: “Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta”. O Senhor se elevou ao céu, mas continua a interceder por toda a humanidade. Uma das formas de falarmos com Deus e nos encontrarmos espiritualmente com Ele, é através da recitação dos salmos. Deus é de todos os povos e não de um só, Ele pertence a todos que o buscam de coração sincero.
A segunda leitura deste domingo é da carta de São Paulo aos Efésios (Ef 1, 17-23). Paulo roga a Deus que envie aos habitantes de Éfeso o Espírito de sabedoria e entendimento, para que revele a todos o quanto Deus os ama a ponto de ter enviado o seu filho para que morresse na cruz para salvar a todos. E, ainda, não ficou na cruz, ressuscitou e foi elevado aos céus.
Deus fez de Jesus a cabeça da Igreja e cada um de nós somos os membros. Ele possui a plenitude universal e conduzirá cada um ao encontro com Deus na eternidade. Como diz São João em seu Evangelho: Ele é o caminho, a verdade e a vida. Jesus nos mostrou a intimidade divina e o caminho do amor.
O Evangelho deste domingo é de Mateus (Mt 28,16-20). O Evangelho relata quando os discípulos foram para a Galileia ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando os discípulos viram Jesus, prostraram-se diante dele. Mesmo assim, alguns ainda tinham dúvidas em seu coração. Na verdade, estava se cumprindo tudo aquilo que Jesus havia dito, Ele iria morrer, depois do terceiro dia ressuscitaria e voltaria ao Pai. Ele abriu o caminho para todos nós. Do mesmo modo que Ele ressuscitou, nós também ressuscitaremos.
Jesus transmite aos apóstolos toda a autoridade que Ele possuía, para que eles fizessem as mesmas coisas que Ele fazia. Autoridade não no sentido de mandar ou de poder, mas Jesus transmite a eles a autoridade que vem do Espírito Santo, para que eles pudessem edificar a Igreja. A partir desse “último” encontro com Jesus, eles foram enviados a anunciar a boa nova do Evangelho e chamar mais discípulos para que a Igreja crescesse sempre mais.
A partir desse momento, Jesus não estaria mais presente fisicamente com os discípulos, mas estaria sempre presente espiritualmente. Como Ele mesmo disse aos discípulos, “eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo”. A ida de Jesus ao céu não é definitiva, Ele voltará e resgatará todos nós.
Tenhamos a certeza de que Jesus está conosco e podemos encontrá-lo na Eucaristia e repitamos sempre: “Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição, vinde Senhor Jesus”. No batismo, recebemos o Espírito Santo e recebemos de Jesus a mesma autoridade que Ele deu aos apóstolos: “ide pelo mundo inteiro e a todos anunciai o evangelho”.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ