A vocação dos primeiros discípulos

Jesus chama os primeiros discípulos e recebem o chamado a vocação
aqui

João evangelista não é historiador, mas um discípulo, um apóstolo; seus escritos têm pormenores interessantes e muito ricos. É preciso descobri-los. No caso, ele, o precursor de Jesus, já estava saindo de cena e Jesus entrando para começar sua missão. O Batista sabe que deve “diminuir” e o Mestre “crescer”.

Por isso, vai colaborar, propiciando a discípulos seus de se tornar seguidores de Jesus, no texto chamado de Messias, Cordeiro de Deus e Mestre. Por isso, o Batista exclama, vendo Jesus: “eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1, 36). E eles, ouvindo isso, seguiram-No. Mais tarde, Jesus vai falar da grandeza moral e religiosa de seu precursor.

A vocação é dialógica e não monológica. Ela provém de Deus. No caso, perguntou Jesus, “o que estais procurando?” (Jo 1, 38). Eles responderam, perguntando: “Mestre, onde moras?” Respondendo Ele, disse: “vinde e vede” (Jo 1, 39). É preciso ir ao encontro de Jesus, para ouvi-Lo e não apenas para vê-Lo. Para, então, segui-Lo. Cabe, portanto, a cada um, também, hoje, fazer sua experiencia de fé. Para isso, é preciso conhecê-Lo.  

Aproximar-se, então, pela oração, fé e amor. Mais: escutar sua Palavra e, assim, aprofundar sua mensagem, exigências e nossa responsabilidade. Também, hoje em dia, Jesus continua a dizer-nos: “Vinde e vede. Fazei experiência de mim, do meu amor”. João nunca esqueceu aquele encontro: era por volta das 4 horas.

Aqueles que foram chamados, não puderam calar-se. João (evangelista) foi chamar seu irmão Tiago, André fez o mesmo com Simão e Felipe foi questionar a Natanael. Jesus, mudando o nome de Simão para Pedro, não quis, apenas, trocar-lhe o nome, mas sinalizou para a nova vocação e missão.

O chamar e ser chamado, continua na Igreja. Jesus, através do Espírito Santo, vai chamando novos discípulos. Não somos um tanto surdos? Também, o mundo chama e parece ser bem-sucedido… E eu? Sinto-me, também, chamado? E você? E nós? Ouvir é questão de audição, mas corresponder é ação da graça, ou seja, é dom e corresponsabilidade. Como, fica tudo isso na Igreja sinodal? Ou, porventura, não faltam operários? Pergunto, então: não seria nossa pouca sensibilidade eclesial ou por nossa apatia, diante da grandeza do Reino de Deus?

+ DOM CARMO JOÃO RHODEN, SCJ

Bispo Emérito de Taubaté- SP