A nossa vocação!

A nossa vocação! anunciar o Evangelho
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A liturgia deste domingo leva-nos a refletir sobre a nossa vocação: somos todos chamados por Deus e d’Ele recebemos uma missão para o mundo. “Quem enviarei? E quem irá por nós?(cf. Is 6,8). Esta pergunta que Deus fez a Isaías, Jesus também a faz aos seus discípulos e a cada um de nós. Todos nós recebemos um chamado para irmos e anunciarmos. Anunciar o que? Aquilo que São Paulo menciona na segunda leitura: o mistério pascal(cf. 1Cor 15,3-5) – que Cristo foi morto, sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras. Este grande mistério anunciado não é apenas algo “teórico’, que proferimos da boca para fora. Não. O mistério de Cristo é o mistério da vocação de cada cristão, chamado a dar testemunho dele em toda a circunstância e em todos os lugares e situações. Também nós somos chamados a avançar para águas mais profundas e ali lançarmos as redes(cf. Lc 5,4). Como Pedro e Isaías, também nós temos receio, mas se confiarmos na palavra do Mestre – capaz de purificar não apenas nossos lábios(cf. Is 6,6-7), mas toda a nossa vida – , teremos uma pesca verdadeiramente milagrosa, onde o maior milagre será o de nossa vida refletir o mistério da vida pascal de Jesus.

Na primeira leitura(cf. Is 6,1-2a.3-8), encontramos a descrição plástica do chamamento de um profeta – Isaías. De uma forma simples e questionadora, apresenta-se o modelo de um homem que é sensível aos apelos de Deus e que tem a coragem de aceitar ser enviado.

No Evangelho(cf. Lc 5,1-11), Lucas apresenta um grupo de discípulos que partilharam a barca com Jesus, que acolheram as propostas de Jesus, que souberam reconhecê-l’O como seu “Senhor”, que aceitaram o convite para ser “pescadores de homens” e que deixaram tudo para seguir Jesus… Neste quadro, reconhecemos o caminho que os cristãos são chamados a percorrer. Estes pescadores tinham, sem dúvida, ouvido falar de Jesus. O seu ensinamento parecia ter autoridade, mas não era um homem do Lago. Não era Ele que ia dar lições a estes três pescadores experimentados. Então, que se passou? Ele devia inspirar confiança, para que Simão lhe emprestasse a sua barca, fazendo dela lugar de pregação e, mais ainda, para que este mesmo Simão obedecesse à sua ordem, uma ordem insensata: lançar novamente as redes, quando a pesca tinha sido infrutífera toda a noite. Diante da prodigalidade da pesca, Simão lança-se aos pés daquele que reconhece como mestre, enquanto ele mesmo se reconhece como homem pecador. Jesus faz um segundo sinal, um segundo milagre: vai fazer de Pedro um outro homem. De pescador de peixes torna-se pescador de homens, torna-se um homem cheio de confiança. Deixando tudo, como Tiago e João, segue Jesus!

A segunda leitura(cf. 1Cor 15,1-11) propõe-nos refletir sobre a ressurreição: trata-se de uma realidade que deve dar forma à vida do discípulo e levá-lo a enfrentar sem medo as forças da injustiça e da morte. Com a sua ação libertadora – que continua a ação de Jesus e que renova os homens e o mundo – o discípulo sabe que está a dar testemunho da ressurreição de Cristo.

Jesus continua nos chamando… Jesus também chama a mim e a você para sermos pescadores de homens! Ele providencia o peixe para nós, porém, necessita das nossas redes a fim de tomar para Ele as almas necessitadas de salvação. Que a nossa pesca seja profícua e não se restrinja somente ao nosso círculo de amizade. Jesus quer que nós sejamos pescadores no Seu Reino e a rede que Ele nos dá é o Seu amor e a Sua Palavra. Não tenha medo! De agora em diante, você vai pescar homens e mulheres! É isso que Jesus faz contigo aqui e agora. Não tenha medo! Ele sabe da tua fraqueza, dos teus problemas. Mas te quer ver pescador de homens, restaurador de famílias, libertador dos presos, acolhedor dos excluídos e abandonados. Enfim, a dar vida e vida em abundância! Portanto, seja firme e não tenhas medo! Comece desde já: passe para os seus amigos, suas amigas a experiência que você tem com a Palavra de Deus, com a oração, com a reflexão. Conte para todos o que mudou na sua vida, qual a sua esperança e o que você tem descoberto com a Palavra de Deus. Você tem usado o Amor de Deus como rede para atrair as pessoas para Ele? – Mesmo que você não tenha muita vontade você atende ao chamado de Jesus em atenção à Sua Palavra?

E, como pescadores de gente, nós devemos dar o testemunho credível do Evangelho. Mesmo que muitas vezes nós caímos, fraquejamos, tenhamos dificuldades, oferecemos tudo o que temos e somos para o anúncio e o testemunho do Evangelho. A nossa vocação é viver, testemunhar, anunciar e pregar o Evangelho de Jesus. Se assim o fazemos vivemos a beleza do nosso batismo e a nossa missão de discípulos-missionários.

Vamos colocar a mão na massa e anunciar o Evangelho!

+ Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG